Centenarian olive trees as a source of resilience in the face of climate change Projetos uri icon

resumo

  • As alterações climáticas têm sido uma constante ao longo dos tempos. Contudo, no último século, o ritmo a que ocorreram sofreu uma forte aceleração, com tendência a agravar os seus efeitos num futuro próximo. A ocorrência de ondas de calor e secas são fenómenos cada vez mais frequentes, com fortes impactos nos agroecossistemas levando a perdas agrícolas. Em Portugal, a oliveira Olea europaea L., é uma das principais culturas sujeita a essas alterações. É uma das culturas mais importantes em Trás-os-Montes, estando-lhe associada um elevado património genético e paisagístico. Nesta região, existe um elevado número de oliveiras centenárias, que resistiram ao passar do tempo. Nos últimos anos, alguns desses exemplares centenários, em paralelo com plantas mais jovens, têm sido estudadas no que respeita à resistência a doenças, pragas e à composição dos seus azeites. A diferenciação dos azeites que originam pelo perfil sensorial e químico, motivou a seleção de algumas plantas que foram multiplicadas e plantadas em pomar. No entanto, a baixa produtividade aliada à pressão para instalação de culturas mais rentáveis tem levado à sua substituição com perda irreparável do património olivícola. Por outro lado, pouco se sabe acerca da resposta das plantas jovens face às alterações climáticas. Assim, procurar-se-á esclarecer se as plantas centenárias são fonte de resiliência às alterações climáticas, e se a idade da planta tem influência determinante na composição dos produtos obtidos, como acontece em algumas espécies vegetais, ex. a videira. Para tal serão seguidas duas abordagens distintas. Por um lado caraterizar-se-ão plantas centenárias para valorização do seu germoplasma com vista à seleção de exemplares com maior resistência à secura, constituindo uma base para programas de melhoramento. E por outro, estudar-se-á o efeito da idade da planta ao nível da composição química dos produtos, comunidade endófitica e na resistência ao stress hídrico, incrementado pelas alterações climáticas. Assim, no efeito da idade da planta, e usando a cv. Verdeal Transmontana como modelo, numa primeira fase irá estudar-se o efeito da idade da planta na composição das folhas, frutos e azeite extraídos. Na segunda, pretende identificar-se a comunidade endofítica em plantas de diferentes idades e ver se esta influência a composição do azeite. Na terceira, as plantas selecionadas, centenárias e jovens, serão multiplicadas para posteriormente, em condições controladas, serem sujeitas a stress hídrico. Nestas plantas multiplicadas, será avaliado o impacto da comunidade endofítica na resistência a stresses e também a sua constância no processo de propagação. Para atingir este objetivo, foi estabelecido um consórcio multidisciplinar de duas instituições públicas de ensino superior IPB, FFUP, dois centros de investigação CIMO, Requimte, a Associação dos Produtores em Protecção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro APPITAD e uma empresa produtora de azeites local com forte importância na região subcontratação Trás-os-Montes Prime, contando ainda com apoio de especialistas na área da genética da oliveira e suporte do Conselho Oleícola Internacional. O objetivo do projeto será concretizado através da realização de cinco tarefas interligadas entre si e que contribuem para um objetivo comum. A tarefa 1 é dedicada à gestão e coordenação; na tarefa 2, serão selecionados exemplares de cv. Verdeal Transmontana com <10 anos, ~50 anos e >100 anos num olival em que coexistem oliveiras de diferentes idades, com o objetivo de avaliar o efeito da idade das plantas nas folhas e frutos através da caracterização morfológica e físico-química. A informação obtida será complementada com a extração de azeites e caraterização da composição físico-química e perfil sensorial. A comunidade endofítica das plantas selecionadas será estudada na tarefa 3, analisando a influência da idade e estudando o possível efeito desta nos azeites obtidos. Na tarefa 4, será realizado um ensaio com plantas multiplicadas a partir de exemplares centenários e com menos de 10 anos, da mesma cultivar. Em condições controladas, será avaliada a resistência ao stress hídrico através de análise de parâmetros biométricos, fisiológicos e físico-químicos. Na avaliação da resistência, recorrer-se-á ao uso de marcadores moleculares indicadores de stress. Nessas mesmas plantas, será também avaliada a comunidade endofítica e comparadas com as plantas que lhe deram origem. Por último, na tarefa 5, serão divulgados os resultados obtidos ao longo da execução do projeto. A execução deste projeto contribuirá para perceber a influência da idade da planta nos produtos do olival e valorizar a diversidade das plantas centenárias como fonte de resistência às alterações climáticas, cuja perda seria irreparável, preparando melhor o futuro desta cultura tão importante para Portugal do ponto de vista económico e cultural.

intervalo de datas

  • março 1, 2023

contribuinte