Potencial antitumoral de cogumelos silvestres: um caso de estudo com espécies Leccinum.
Conference Paper
Overview
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abstract
Além de constituírem uma excelente opção como alimento devido ao seu valor nutricional, os
cogumelos (silvestres e/ou comerciais) têm sido descritos como matrizes naturais com inúmeras
propriedades bioativas, incluindo potencial antitumoral [1,2].
No presente trabalho foi estudado um extrato fenólico, obtido da espécie Leccinum vulpinum Watling,
que revelou ser rico essencialmente em ácidos hidroxibenzóicos (nomeadamente ácido gálico, ácido
protocatéquico e ácido p-hidroxibenzóico). Foi efetuado um screening inicial, testando o referido extrato
contra um painel de linhas celulares tumorais humanas (MCF-7: adenocarcinoma de mama; NCI-H460:
carcinoma de pulmão; HCT-15: adenocarcinoma colorectal; e AGS: adenocarcinoma gástrico), de
forma a verificar o seu efeito no crescimento celular das linhas em estudo.
Uma vez que a proliferação celular foi inibida em todas as linhas testadas, e dada a evidência de uma
relação inversa entre o consumo de cogumelos e a redução do risco de incidência do cancro da mama
[3], foi efetuado um estudo detalhado na linha celular MCF-7. Para tal, foram realizados alguns ensaios
funcionais, de modo a verificar os efeitos do extrato na proliferação celular, no perfil de ciclo celular e
apoptose. O potencial do extrato como indutor de danos ao nível do ADN foi também avaliado.
De uma forma geral, o extrato fenólico da espécie L. vulpinum diminuiu a proliferação celular, sendo
que o tratamento celular com uma concentração de extrato correspondente ao GI75 reduziu
significativamente a percentagem de células na fase S do ciclo celular. Adicionalmente, o extrato
induziu apoptose, sendo que o tratamento celular com uma concentração de extrato correspondente
ao GI50 e ao GI75 aumentou a percentagem de células em apoptose para 13,4% e para 27%,
respectivamente, enquanto os valores controlo de apoptose foram de 6 - 9%. Os resultados obtidos
sugerem também que o extrato em estudo causou danos ao nível do ADN celular, uma vez que
proteínas envolvidas na reparação de danos no ADN, nomeadamente PARP, ficaram sobre-expressas
nas células tratadas com o extrato. Isto foi confirmado pelo Ensaio Cometa (Alkaline Comet Assay),
tendo sido verificado um aumento significativo da percentagem de ADN na “cauda” do Cometa, após
tratamento celular com 250 mg/mL de extrato.