Desenvolvimento de uma formulação hipocolesterolémica eficiente a partir de bioresíduos de cogumelos, através de uma estratégia integrada sustentável. Projetos uri icon

resumo

  • Segundo a Organização Mundial da Saúde, as doenças cardiovasculares coronarianas DCC são a principal causa de morte no mundo. Os dados epidemiológicos mostram claramente a relação entre o colesterol e o desenvolvimento de DCC. A comunidade científica estabeleceu que níveis elevados de colesterol total e lipoproteína de baixa densidade LDL são fatores de risco para o desenvolvimento da doença, com elevada taxa de mortalidade. Nas últimas duas décadas, registou-se um aumento no uso de antidislipidêmicos na população, em especial de estatinas, que corresponderam a 90% do consumo, como estratégia de prevenção de doenças cardiovasculares e aterosclerose. As estatinas são moléculas que, desde a segunda metade da década de 70, se impuseram globalmente no tratamento dessas doenças. Do efeito pleiotrópico, as vias metabólicas envolvidas na ação das estatinas são múltiplas e representam possíveis campos de estudo para o tratamento de uma ampla gama de patologias. No entanto, as estatinas têm efeitos secundários, nomeadamente a redução drástica da disponibilidade de mevalonato, que é o substrato essencial não só para a biossíntese do colesterol, mas também para a síntese de isoprenóides não esteróides, incluindo FPP, GGPP, coenzima Q, dolicol, isopentenladosina, entre outros. A falta de produção desses intermediários é a causa de inúmeros efeitos pleiotrópicos, independentes da redução do colesterol. Os cogumelos podem ser uma excelente alternativa, pois possuem micoesteróis moléculas semelhantes aos fitoesteróis, como ergosterol, fungisterol e outros derivados. Essas moléculas estão presentes em grandes quantidades nos cogumelos porque são parte integrante das membranas. Adicionalmente, os cogumelos contêm polissacarídeos e, dependendo da espécie, podem apresentar elevados níveis de ß-glucanos, agentes com forte atividade hipocolesterolémicas. Algumas espécies de cogumelos também possuem moléculas semelhantes à lovastatina, capazes de diminuir a síntese de colesterol endógeno, inibindo a HMGCoA redutase 3-hidroxi-3-metil-glutaril CoA redutase, enzima chave no metabolismo do colesterol. Além dessas moléculas de valor agregado altamente promissoras, as bactérias probióticas demonstraram também potencial para reduzir os níveis de colesterol através de diferentes mecanismos atividade da hidrolase de sais biliares,  inibição da produção de hidroxi-3-metilglutaril coenzima A e assimilação do colesterol. As pessoas com hipercolesterolemia baixa a moderada antes de recorrer a medicação devem ser incentivadas a consumir alimentos funcionais que contenham extratos específicos de cogumelos para diminuir os níveis plasmáticos de colesterol. Os resultados promissores obtidos até o momento apontam que o uso de extratos de cogumelos como agentes hipocolesterolémicos pode ser mais eficaz do que os produtos utilizados na terapêutica, sendo necessários mais estudos para ampliar o conhecimento sobre o efeito molecular dos compostos na saúde humana. Neste sentido, o projeto Mush4Chol apresenta uma solução inovadora e promissora que consiste na exploração exaustiva de bio-resíduos de cogumelos fornecidos por empresas parceiras do consórcio Mogaricus Lda. e Real Cooperativa Agrícola para obter extratos ricos em micoesteróis, ß-glucanos e estatinas, frações purificadas ou mesmo compostos isolados. Este projeto engloba um leque de técnicas convencionais e emergentes de extração, refinamento, estabilização/encapsulação, bem como um vasto leque de metodologias hipocolesterolémicas in vitro  e in vivo , abordando uma estratégia integrada de possíveis mecanismos de ação. Além disso, o probiotico  Lactobacillus reuteri será avaliado quanto à sua capacidade de assimilar colesterol isolado ou em sinergismo com os extratos obtidos, garantindo a sua proliferação normal na presença do extrato. O objetivo final é obter uma formulação em pó, estabilizada, composta por agentes  naturais, permitindo a inibição tanto da síntese quanto da absorção do colesterol. Esta formulação terá usos económicos versáteis: i uma cápsula de gelatina com a dose ativa em pó, ii uso industrial, como ingrediente para desenvolver alimentos funcionais. Para alcançar uma estratégia de desperdício zero,  todos os resíduos da extração serão reintegrados no início da cadeia de valor através da reutilização como substrato de cogumelos, impulsionando a economia circular. O Mush4Chol envolve um conjunto de atividades multidisciplinares subsequentes, abordando diferentes metodologias de diferentes domínios de investigação, contando com uma equipa multidisciplinar, motivada e com elevada experiência e conhecimento, destacando-se uma patente relacionada com agentes hipocolesterolémicos. Além disso, este projeto será realizado em colaboração direta com empresas de cogumelos que o apoiarão totalmente. O Mush4Chol terá um alto impacto na sociedade, principalmente na saúde humana, representando um avanço significativo no tratamento de problemas relacionados ao colesterol.

intervalo de datas

  • março 1, 2023

contribuinte