Macrofungos em ecossistemas de Castanea sativa Mill. do Nordeste Transmontano
Conference Paper
Overview
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abstract
No Nordeste Transmontano existem sistemas florestais e agro-florestais de grande
importância sócio-económica, como o castanheiro (Castanea sativa), o pinheiro (Pinus
pinaster) e o carvalho negral (Quercus pyrenaica), que estabelecem associações
simbióticas com fungos do solo, resultando a formação de ectomicorrizas. A maioria
destes fungos, produz estruturas reprodutoras macroscópicas, os carpóforos, esporóforos
ou macrofungos, alguns dos quais com elevada valorização comercial.
O trabalho que se apresenta desenvolve-se no âmbito de um Projecto AGRO 689
“Demonstração do papel dos macrofungos na vertente agronómica, económica e
ambiental no Nordeste Transmontano. Aplicação à produção de plantas de castanheiro,
pinheiro e carvalho”, no qual se pretende demonstrar a biodiversidade da flora
micológica que ocorre nestes três habitates (souto, pinhal e carvalhal), por forma a
sensibilizar para a importância do uso sustentado de um recurso natural de grande valor
social e ambiental.
Neste sentido, seleccionou-se um carvalhal, um souto e um pinhal, na área do
Parque Natural de Montesinho. Em cada um dos povoamentos estabeleceram-se 3
parcelas, cada uma com área de 100 m2 onde, durante o período de Outono- Inverno de
2004, se procedeu, semanalmente, à colheita de macrofungos. Após transporte, no
laboratório, foram separados e identificados até à espécie ou ao género.
No Carvalhal foram colhidas 48 espécies de macrofungos pertencentes a 25
géneros, sendo os mais representados Mycena (8 espécies), Inocybe e Cortinarius (7
espécies cada). As espécies que surgiram em maior quantidade (expressa em número de
carpóforos encontrados) foram Mycena rosea e Cortinarius helobius. Cerca de 69% do
total das espécies colhidas são micorrízicas, sendo as restantes 31% não micorrízicas.
No souto foi colhido um menor número de espécies (8), pertencentes a 5 géneros,
sendo os mais representados Inocybe (3 espécies) e Tricholoma (2 espécies). As
espécies que surgiram em maior quantidade foram Inocybe geophylla, Inocybe
flocculosa e Hebeloma crustuliniforme. No souto, surge uma clara dominância dos
macrofungos micorrízicos, que perfazem 87% do total de espécies encontradas.
No pinhal foram colhidas, ao longo da época de amostragem, somente sete
espécies, pertencentes a 4 géneros, sendo o mais representado Mycena, com 4 espécies.
As espécies que surgiram em maior quantidade foram Mycena pura e Collybia sp.1.
Todas as espécies colhidas neste habitate são saprófitas.
Comparando os três habitates, torna-se evidente a maior diversidade de espécies
de macrofungos no carvalhal, assim como o maior número de carpóforos.
Discute-se a diversidade macrofúngica dos três ecossistemas, tendo em conta as
condições climáticas particulares da época em estudo.