Caracterização fenólica e avaliação da atividade antiproliferativa de Fistulina hepatica e Suillus collinitus em linhas celulares tumorais humanas
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Neste trabalho, avaliou-se a atividade antiproliferativa de extratos metanólicos, etanólicos e em água fervente de Fistulina hepatica e Suillus collinitus, dois cogumelos comestíveis do Nordeste de Portugal, em linhas celulares tumorais humanas. Determinaram-se ainda, cromatograficamente, os ácidos fenólicos presentes nos extratos metanólicos. Ao contrário dos extratos de Fistulina hepatica que não revelaram nenhuma atividade à máxima concentração testada (400 μg/mL), o extrato metanólico de Suillus collinitus foi bastante potente, particularmente em células MCF-7 (GI50 25,2±0,2 µg/mL), induzindo alterações no seu ciclo celular, aparentemente por um efeito mediado pela p53, e aumentando a percentagem de células apoptóticas.
Os cogumelos são uma importante fonte de compostos bioativos, com potencial antitumoral e propriedades imunoestimuladoras [1]. Por outro lado, podem ter potencial como alimentos funcionais e fonte de nutracêuticos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade inibitória do crescimento de linhas celulares tumorais humanas dos extratos metanólicos de duas espécies de cogumelos silvestres comestíveis do Nordeste Português: Fistulina hepatica e Suillus collinitus. Utilizou-se o ensaio da Sulforrodamina B em quatro linhas de células tumorais (pulmão- NCI-H460, mama- MCF-7, cólon- HCT-15 e estômago- AGS). Ao contrário do extrato de Fistulina hepatica que não revelou nenhuma atividade à máxima concentração testada (400μg/mL), o extrato de Suillus collinitus foi bastante potente, particularmente em células MCF-7 (GI50 25,2 ± 0,2 μg/mL). Numa concentração correspondente ao valor de GI50, o extrato induziu um sequestro dessas células na fase G1 do ciclo celular (avaliado por citometria de fluxo), com uma concomitante diminuição da percentagem de células na fase S. Causou ainda um aumento da percentagem de células apoptóticas de 6,0±0,2% para 15,3±2,0% e um forte aumento dos níveis de p53, p21 e PARP clivada, associado a uma diminuição da Bcl-2 e XIAP (a expressão das proteínas foi analisada por Western blot). No entanto, foi a Fistulina hepatica que apresentou a maior concentração de ácidos fenólicos (111,72 mg/Kg massa seca) no extrato metanólico, analisados por HPLC-DAD [2], devido à significativa contribuição dos ácidos protocatéquico (67,62 mg/Kg) e p-hidroxibenzóico (41,92 mg/kg).
Os resultados obtidos indicam que a espécie Suillus collinitus pode ser uma fonte promissora de compostos bioativos, para além dos ácidos fenólicos. Em particular, o seu extrato metanólico parece ter um efeito no ciclo celular da linha tumoral de mama mediado pela p53, para além de induzir apoptose dessas células.