A presente comunicação pretende dar a conhecer o desenvolvimento de um projecto integrador em contexto de 1.º Ciclo do Ensino Básico, com 22 crianças do 1.º ano de escolaridade. Para a sua implementação partiu-se do pressuposto de que as áreas disciplinares devem ser exploradas na pluralidade dos seus contextos e funções envolvendo a palavra como instrumento de expressão e dando forma a experiências individuais e colectivas. Este projecto veio confirmar que o conhecimento científico se constrói através de um processo de interacção da criança com os objectos do conhecimento, da partilha e da negociação de representações pessoais.
O pequeno borrão arredondado, que definimos por ponto, constituiu-se no princípio de um projecto que pretendeu desenvolver a leitura, a escrita e o pensamento crítico, numa perspectiva integrada e integradora de saberes. O “ponto”, sendo um vocábulo polissémico, remete-nos para uma pluralidade de significados e de imagens, em que a contextualização determina o seu sentido. Não foi propósito fazer uma análise do conceito ou conceitos a ele subjacente, recorremos apenas à sua simbologia enquanto mancha que poderia determinar o início da explicação dos enigmas que envolvem o mundo. O “ponto” ganhou vida, movimentou-se, transformou-se e permitiu visualizar outras formas, que desafiaram a criança na procura de respostas relacionadas com o corpo humano. O “ponto” passou por sucessivas metamorfoses até se apresentar com um rosto e um corpo. A continuidade das descobertas conduziu-nos à exploração do conto “Aquiles o pontinho”, de Guia Risari. O corpo é objecto de curiosidade e mistério, uma vez que cada uma das áreas do conhecimento humano nos oferece explicações de diferentes perspectivas. Neste sentido, o “ponto” permitiu às crianças seleccionarem e explorarem um dos órgãos vitais do corpo humano. Desafiámos os limites das representações das crianças e desencadeámos diálogos que lhes permitiu investigar, descobrir e criar. Percebemos que as crianças utilizavam a oralidade, a leitura e a escrita na sua omnifuncionalidade e que o desenvolvimento de novos insights acerca de um sistema convencional de leitura e escrita, associado ao pensamento crítico, permitiu à criança apropriar-se de códigos literácicos, porque lhes proporcionámos a descoberta de novos mundos.