Potencial antioxidante dos compostos fenólicos de Helichrysum stoechas (L.) Moench para aplicações cosméticas: caracterização química, microencapsulação e incorporação num hidratante
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resumo
As propriedades bioativas de várias plantas têm sido atribuídas à presença de compostos
fenólicos, especialmente flavonoides (Mishra et al., 2008). As propriedades biológicas,
farmacológicas e medicinais deste grupo de compostos têm também sido exaustivamente
estudadas (Marchand, 2002). Estudos etnobotânicos realizados no Nordeste de Portugal registam
o uso da decocção de Helichrysum stoechas (L.) Moench (perpétua-das-areias ou douradinha)
pelas suas propriedades medicinais nomeadamente no controlo da febre, sintomas gripais e
bronquite (Carvalho, 2010). O presente trabalho teve como objetivo explorar o potencial
antioxidante dos compostos fenólicos das sumidades floridas (capítulos e brácteas e os 15 cm
terminais dos caules com folhas que suportam as inflorescências) de H. stoechas para aplicações
cosméticas e envolveu as seguintes etapas: caracterização química, microencapsulação e
incorporação num hidratante.
As propriedades antioxidantes do extrato hidroalcoólico e da decocção foram avaliadas por
métodos químicos (determinação do poder redutor e da capacidade captadora de radicais 2,2-
difenil-1-picril-hidrazilo (DPPH) e bioquímicos (inibição da descoloração do β-caroteno na
presença de radicais livres derivados do ácido linoleico e inibição da formação de espécies
reativas do ácido tiobarbitúrico (TBARS) em homogeneizados cerebrais). A composição fenólica
foi analisada por cromatografia líquida de alta eficiência de fase reversa acoplada a deteção de
díodos e espetrometria de massa com ionização por spray de eletrões (HPLC-DAD-ESI/MS).
Foram identificados dezoito compostos fenólicos diferentes, sendo o ácido 3,5-O-dicafeoilquínico e
a miricetina O-acetil-hexósido o ácido fenólico e o flavonoide mais abundante, respetivamente.
Comparativamente à decocção, o extrato hidroalcoólico apresentou maior atividade antioxidante e
conteúdo fenólico, tendo-se optado pela sua forma liofilizada para prosseguir os estudos de
microencapsulação. Para a microencapsulação utilizou-se a técnica da dupla emulsão/evaporação
de solvente, produzindo-se microesferas de base policaprolactona (PCL) com o respetivo
conteúdo (extrato hidroalcoólico de H. stoechas). Estas foram incorporadas com sucesso num
creme hidratante. Os resultados obtidos demonstraram o potencial antioxidante do extrato
hidroalcoólico de H. stoechas e a viabilidade da sua microencapsulação, abrindo novas
possibilidades de exploração e aplicação destes extratos fenólicos naturais, nomeadamente na
indústria de cosméticos.