A transição para uma economia sustentável é fundamental para assegurar protecção ambiental. Mas ao mesmo tempo consiste numa oportunidade para acelerar o crescimento económico e criar emprego. A política energética da União Europeia 20-20-20 apontou uma direcção para as suas políticas energéticas e ambientais até 2020.
O plano estratégico de tecnologia energética da União Europeia (SET-Plan), aprovado no final de 2007, definiu planos de acção segundo dois vectores: o reforço da investigação científica no sentido da redução dos custos e aumento da eficiência das tecnologias; e a adopção de medidas para o desenvolvimento do mercado e eliminação das barreiras não tecnológicas relativas ao uso de tecnologias de baixo carbono. O SET-Plan contém já uma visão para além de 2020, nomeadamente definindo estratégias e acções que, se bem que com pequeno impacto até 2020, terão um impacto significativo até 2050. O objectivo é que a próxima geração de tecnologias energéticas renováveis atinja competitividade no mercado.
Apesar da importância das energias renováveis e das tecnologias associadas, não existe actualmente nenhuma unidade de investigação financiada pela FCT especificamente dedicada à investigação e desenvolvimento das tecnologias energéticas renováveis mais importantes. O CIENER tem por objectivo contribuir significativamente para os planos nacionais e da União Europeia atrás mencionados, através da investigação avançada em diferente tecnologias energéticas renováveis. Essa contribuição será dada através de diferentes meios, incluindo o desenvolvimento científico e técnico, a formação de investigadores e equipas técnicas, a disseminação do conhecimento e a transferência de tecnologia, permitindo trazer os resultados para o mercado. Esta poderá ser uma contribuição decisiva para que as futuras tecnologias energéticas sejam desenvolvidas e fabricadas em Portugal, ao contrário do que acontece com a maioria dos actuais produtos tecnológicos (de 1ª geração).
O CIENER recorrerá ao know-how de membros provenientes de diferentes unidades de investigação actualmente existentes, e cobrirá as diferentes áreas das energias renováveis com maior peso e maiores taxas de crescimento, quer actualmente, quer nos próximos anos: energia solar (térmica, fotovoltaica, de concentração), bioenergia (biomassa e biocombustíveis), energia eólica, edifícios de energia zero. De facto, um estudo do European Renewable Energy Council prevê taxas de crecimento anuais para as tecnologias cobertas pelo CIENER acima de 10% (até 20% para algumas), até 2030.
Por forma a assegurar uma actividade eficiente no largo domínio das áreas do conhecimento e de investigação envolvidas, a Unidade será dividida em quatro grupos, designados por: Sistemas Solares Térmicos e Fotovoltaicos; Bioenergia; Energia Eólica e Escoamentos Atmosféricos; Edifícios Bioclimáticos e Eficientes. O número de grupos poderá vir a ser alargado no futuro, se forem criadas novas áreas durante o decorrer do programa de financiamento.
Todos os grupos orientarão a sua actividade para uma forte componente experimental, com o objectivo de construir e testar protótipos de sistemas energéticos, e de os colocar tão perto do mercado quanto possível.
A Unidade terá inicialmente três linhas temáticas, tratando de temas de relevância e exigindo competências transversais aos diferentes grupos: geração de electricidade renovável de origem solar e biomassa; produção de biogás por gaseificação a alta temperatura; integração de tecnologias energéticas renováveis em edifícios.
