O objecto de estudo da presente dissertação de doutoramento refere-se à prática de ensino integrado e às relações que se estabelecem entre sujeitos, nomeadamente, professores no exercício da profissão (mas com uma colocação administrativa) e formadores e coordenadores dos Programas de Formação Contínua, uma vez que se procura compreender o significado do trabalho docente e da formação numa perspectiva de ensino integrado e cooperado. A questão de partida foi: em que medida os Programas Nacionais de Formação Contínua promovem a colaboração entre professores do 1.º Ciclo do Ensino Básico e a prática de um ensino integrado? Perante este problema, outras questões se afiguraram pertinentes para a orientação, conjugação e análise dos dados recolhidos através de entrevista e que nos coadjuvaram no processo de categorização dos mesmos. Detectado o problema e as questões que lhe estão associadas, o estudo, norteou-se pelos seguintes objetivos: (i) Identificar práticas pedagógicas adoptadas pelos professores do 1º ciclo do Ensino Básico; (ii) Identificar dissonâncias, consonâncias e ressonâncias da pedagogia transmissiva e da pedagogia da participação e os seus impactos nas práticas pedagógicas integradas; (iii) Reconhecer os significados da formação e os seus contributos para a mudança das práticas e para a (re)criação de uma cultura de colaboração; e (iv) Compreender como é que as experiências práticas, individuais e em grupo, são interpretadas pelos formadores e pelos professores que optam por formações de carácter disciplinar e integrantes de programas nacionais. Optando por uma metodologia de carácter qualitativo e uma estratégia de pesquisa suportada no Estudo de Caso, realizamos entrevistas semi-estruturadas, posteriormente sujeitas a uma análise de conteúdo. No processo de análise emergiram aspectos que consideramos relevantes no âmbito deste estudo e que nos ajudaram a perceber a praxis dos docentes colaboradores. Os resultados emergentes do discurso dos colaboradores entrevistados apontam para uma parca formação (inicial e contínua) relativamente à prática de um ensino integrado e participado, salientando que a compartimentação disciplinar é factor constrangedor. Apesar da retórica da necessidade de redefinição no trabalho do professor, nomeadamente na auto-reflexão das práticas, na partilha dessas práticas com os seus pares e no desenvolvimento profissional ao longo da vida, o trabalho de cooperação incide sobretudo na partilha a dois. A análise dos discursos também atesta a hipótese das práticas pedagógicas tenderem mais para uma pedagogia transmissiva do que para uma pedagogia da participação.