A arte na construção de pequenos grandes observadores Conference Paper uri icon

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  • O trabalho de projecto A arte na construção de pequenos grandes observadores desenvolveu-se durante o ano lectivo 2005/2006 numa escola de primeiro ciclo do Ensino Básico em meio rural. A participação colaborativa dos actores envolvidos procurou questionar a forma como se poderia promover uma literacia da imagem. Assim partiu-se da seguinte problemática: se as crianças não têm o hábito de fazer leitura de imagens, quais serão os métodos de ensino-aprendizagem que facilitam o desenvolvimento dessa capacidade para que, em situações futuras, saibam descrever, através da observação, o conteúdo de uma obra de arte? Com a implementação do projecto pretendeu-se: (i) promover uma pedagogia intencionalizada, organizada e participada; (ii) proporcionar actividades integradas que possibilitassem à criança (des)construir conceitos, individual ou colectivamente, sobre uma obra de arte; (iii) desenvolver uma literacia de leitura de imagens; (iv) explorar técnicas de escrita criativa; e (v) fomentar a criatividade, a fantasia, a invenção e a imaginação. Para a consecução destes objectivos utilizou-se uma metodologia de investigação-acção uma vez que aceita que os investigadores se envolvam activamente na causa da investigação, alicerçando o que é fundamental na abordagem qualitativa. Na verdade o desenvolvimento do projecto permitiu-nos perceber que a criança revela competência na utilização de ferramentas, de equipamentos, de processos e de técnicas relacionadas com as diferentes manifestações artísticas, mostrando respeito pelo outro e por si mesma quando está receptiva à inovação, à reflexão e à abertura a novas ideias pois, através das experiências plásticas, expressa as suas capacidades literácicas. Neste sentido percebemos que a literatura estética é tão importante como a literatura linguística, porque permite à criança (re)construir diferentes linguagens.
  • Procurou-se, nesta comunicação, apresentar aquilo que se traduziu num trabalho de projecto intitulado A arte na construção de pequenos grandes observadores que se desenvolveu durante o ano lectivo 2005/2006 numa escola de primeiro ciclo do Ensino Básico em meio rural. O trabalho de participação colaborativo dos actores envolvidos procurou questionar a forma como se poderia promover uma literacia da imagem. Assim partiu-se da seguinte problemática: se as crianças não têm o hábito de fazer leitura de imagens, quais serão os métodos de ensino-aprendizagem que facilitam o desenvolvimento dessa capacidade para que, em situações futuras, saibam descrever, através da observação, o conteúdo de uma obra de arte? Atchim foi a marioneta, meio palhaço meio gente, que permitiu a entrada da arte numa escola fria e isolada do Nordeste português. Recordaremos sempre o dia em que o Atchim, cheio de cor e vida, atravessou amedrontado o pátio cinzento e mal tratado de uma escola votada ao esquecimento e encontrou o olhar paralisado de doze crianças que frequentavam o 1.º, 2.º, 3.º e 4.º anos. Através do Atchim as crianças conheceram formas de arte que até então desconheciam. Com ele chegara à escola o hip-hop, o instrumental vocal e diferentes instrumentos musicais com os quais puderam desvendar muitas potencialidades. Mas, não foi só a música, com o Atchim chegaram outros amigos, também marionetas, que permitiram novas descobertas. Encontraram um Salvador Dali, um Miró, um Van Gogh… investigaram e descobriram que um deles até uma orelha cortou. Observaram pinturas e desconstruíram conceitos dando formas visuais às suas ideias, tornando-se cada vez mais curiosas e participativas. A Trancinhas, com a sua cor negra e o Sr. Branquinho, com a sua cor branca, marionetas de coração, permitiram trabalhar o sentido da igualdade na diferença. Surgiu então a possibilidade de cada criança construir a sua marioneta e, para tal, tiveram de realizar escolhas: a cor; o género; a raça; e depois tudo isso condicionaria o tipo de vestuário. Foi assim que entrou a multiculturalidade na escola. Mas entraram muitas mais coisas que é impossível descrever porque a azáfama com que vivemos a vida não nos deixa observar a magia que um simples boneco manipulável pode exercer numa criança, não só pelas mudanças explícitas mas também pelas implícitas. Na verdade o desenvolvimento do projecto permitiu-nos perceber que a criança revela competência na utilização de ferramentas, de equipamentos, de processos e de técnicas relacionadas com as diferentes manifestações artísticas, mostrando respeito pelo outro e por si mesma quando está receptiva à inovação, à reflexão e à abertura a novas ideias pois, através das experiências plásticas, expressa as suas capacidades. Neste sentido percebemos que a literatura estética é tão importante como a literatura linguística, porque permite à criança perceber diferentes linguagens.

publication date

  • January 1, 2008