Caracterização dos resíduos de Brassica oleracea L. para obtenção de um potencial ingrediente natural
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resumo
A comunidade cientifica, em parceria com a indústria alimentar, tem vindo a estudar diferentes
matrizes naturais, a fim de obter ingredientes funcionais com potencial aplicação neste setor
industrial. Nesse sentido, este trabalho pretendeu fazer a caracterização de Brassica oleracea var.
Acephala (popularmente conhecida como couve galega) quanto ao seu perfil fenólico e ação biológica,
com o objetivo de identificar compostos fenólicos com potencial conservante e/ou bioativo para
incorporação na indústria alimentar. O perfil fenólico individual foi obtido através de um sistema de
HPLC-DAD/ESI-MSn e o potencial bioativo foi avaliado através de ensaios in vitro. A atividade
citotóxica foi avaliada em linhas celulares tumorais humanas (AGS, CaCo2, MCF-7, NCI-H460) e a
toxicidade em uma linha celular não tumoral (VERO), através do método colorimétrico da
sulforodamina B. A atividade anti-inflamatória foi estudada em macrófagos de rato (RAW 264.7); a
atividade antimicrobiana foi testada usando o método de microdiluição; e a atividade antioxidante foi
avaliada através dos ensaios de TBARS (inibição da peroxidação lipidica) e CAA (atividade antioxidante
celular). O perfil fenólico dos bioresíduos de couve galega revelou a presença de moléculas com
elevado interesse em concentrações promissoras. Em relação ao potencial bioativo da amostra, foi
possível observar uma interessante atividade antioxidante pela análise de TBARS, onde na
concentração de 19 μg/mL foi possível oferecer 50% da atividade, porém pela análise de CAA os
resultados foram moderados, com uma concentração de 2000 μg/mL com uma inibição de 40%. A
atividade antimicrobiana revelou resultados muito satisfatórios, destacando-se as bactérias Bacillus
cereus e Enterobacter cloacae e os fungos Aspergillus fumigatus e Penicillium fumiculosum como as
estirpes mais suscetíveis ao efeito do extrato da couve. Em relação à atividade citotóxica e antiinflamatória,
o extrato da couve não apresentou capacidade antiproliferativa na concentração
máxima testada (400 μg/mL), revelando a ausência de potencial antitumoral e anti-inflamatório, mas
também, provando a ausência de toxicidade do extrato. Considerando esses resultados, os
bioresíduos da couve apresentam uma composição rica em compostos de elevado interesse,
nomeadamente com potencial antioxidante, o que pode ser interessante para o desenvolvimento de
ingredientes funcionais com possíveis aplicação na indústria. Para além disso, a reutilização de
subprodutos permitirá não só diminuir o desperdício alimentar, como também criar soluções
estratégicas no setor agroindustrial de crescimento económico e sustentabilidade.