O bullying já faz parte do quotidiano de todas as escolas e seus agentes educativos, mas também da sociedade em geral, uma vez que se trata de uma prática muitas vezes divulgada nos meios de comunicação social, estudada e disseminada na literatura da área ou motivo de reflexão e discussão em diversos fóruns e eventos científicos. Com o crescimento da utilização das tecnologias digitais por parte de todos, esta problemática passou para a esfera do digital, destacando-se, especialmente, as redes sociais como espaço privilegiado para a prática deste tipo de bullying, denominado cyberbullying. Se já existiam dificuldades e obstáculos na prevenção, deteção e denúncia de casos de bullying nas escolas e em outros locais, agora no mundo digital torna-se muito mais difícil controlar estas práticas e fazer a denúncia das mesmas nas entidades competentes. Os ambientes digitais, designadamente as redes sociais, ao invés de serem espaços de debate, partilha, socialização, envolvimento, interação, comunicação e colaboração, tornaram-se, por vezes, locais de confronto, insulto, ameaça, violência verbal e perseguição, configurando-se, portanto, em práticas de bullying digital ou cyberbullying. Para além da reflexão e debate que o presente artigo pode suscitar na comunidade científica e, especialmente, nas comunidades educativas, entende-se ser importante compreender o impacto que uma ação de curta duração, realizada em abril de 2021 e denominada "Bullying no 1.º ciclo do Ensino Básico para professores: Aprender com um MOOC", teve no exercício da função docente dos professores que participaram na mesma. Importa referir que esta ação de seis horas foi promovida pela Escola Superior de Educação, entidade de formação acreditada (CCPFC/ENT-ES-0715/16) pelo Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua. Para a concretização do objetivo de investigação adotou-se a metodologia de estudo de caso, sendo o caso a ser estudado, o grupo de professores que participou na ação de formação. Como instrumentos de recolha de dados, adotou-se o inquérito por questionário que, através de um conjunto de categorias previamente definidas, permitiu determinar qual o impacto da ação de curta duração e tecnologias educativas digitais associadas no exercício da atividade dos professores. Os resultados preliminares apontam para a dificuldade de os professores conseguirem detetar, em tempo útil, os casos de bullying que acontecem nas instituições onde lecionam e admitem, ainda, uma maior dificuldade em detetar esses casos nos espaços digitais. Pese embora as dificuldades sentidas, os professores assumem que reconhecem a importância de ações deste tipo e que tentam sensibilizar os seus alunos para a importância de prevenirem, detetarem e denunciarem os casos ou situações de cyber(bullying), conquanto reconheçam que da teoria à prática é necessário percorrer um caminho por vezes muito longo.
