Olhares sobre um plano de formação contínua em Matemática
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Este texto apresenta as principais linhas orientadoras de um programa de formação contínua em Matemática de âmbito nacional, no qual somos formadores. Apresenta, ainda, situações suportadas na observação participante e em relatos dos professores participantes, que destacam uma evolução significativa em diversas dimensões do ensino e da aprendizagem da Matemática resultantes do processo de formação. Após a frequência do programa, muitos professores reconheceram que o seu conhecimento matemático e profissional se tornou mais profundo e que passaram a valorizar a reflexão como um instrumento importante do seu desenvolvimento profissional.
O Programa de Formação Contínua em Matemática para Professores do 1.º Ciclo do Ensino Básico (PFCM), criado pelo governo português, iniciou-se em Outubro de 2005 com o objectivo de melhorar o ensino e as aprendizagens em Matemática e desenvolver atitudes mais positivas face a esta área do saber. Para coordenar as actividades a nível nacional e assegurar o apoio científico e pedagógico, foi designada uma Comissão de Acompanhamento que elaborou um documento com linhas orientadoras, princípios, objectivos, estratégias e conteúdos de formação (Serrazina, Canavarro, Guerreiro, Rocha, Portela, & Gouveia, 2005).
O PFCM é concretizado por todas as instituições públicas de Ensino Superior responsáveis pela formação de professores deste nível de ensino e a cada uma delas cabe organizar e adequar o modelo organizativo geral, respeitando as principais linhas orientadoras definidas. Pretende-se, assim, que o programa de formação responda às necessidades dos professores participantes, partindo de questões relativas à concretização do currículo de Matemática na sala de aula e tendo um carácter continuado ao longo do ano lectivo.
No caso específico da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Bragança ESEB), a cuja equipa de formação pertencemos, o plano de acção para a concretização do programa segue e adopta, de uma forma muito próxima, as orientações produzidas pela Comissão de Acompanhamento, pretendendo constituir um instrumento de apoio e ajuda aos professores participantes na sua prática lectiva (planificação do trabalho, condução da aula, reflexão sobre o que foi feito) de modo a melhorar as suas actuações profissionais e, consequentemente, as aprendizagens matemáticas dos seus alunos. No ano lectivo presente, embora o plano possibilite a abordagem de qualquer conteúdo de formação previsto, foi dada uma atenção especial a alguns domínios, nomeadamente: (i) temas matemáticos (clarificação, aprofundamento); (ii) tipos e natureza das tarefas (exercícios, explorações, problemas, investigações; jogos, projectos); (iii) aspectos da comunicação matemática; (iv) utilização de materiais curriculares (manipuláveis, tecnológicos, manual escolar); e (v) construção dos portefólios (registos escritos, reflexão).
Nesta comunicação pretendemos apresentar as principais linhas orientadoras do PFCM e discutir, com base na observação participante e na análise documental, situações e episódios ocorridos nas salas de aula que fundamentem aspectos do ensino e aprendizagem da Matemática destacados pelo plano de formação da ESEB e evidenciados quer pelos formadores quer pelos professores participantes. Por exemplo, a valorização da reflexão (pessoal e partilhada) sobre as experiências profissionais ou o aprofundamento do conhecimento matemático e profissional dos professores participantes, com reflexos positivos nas aprendizagens dos seus alunos, são aspectos que emergem da análise dos dados recolhidos e analisados.