Influência do freixo (Fraxinus angustifolia Vahl) na estrutura e diversidade florística em lameiros do Nordeste de Portugal
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O presente trabalho teve como objectivo avaliar o efeito da presença do freixo (Fraxinus angustifolia Vahl) na estrutura e diversidade florística de três lameiros. Para tal, relacionou-se a flora amostrada com diversas variáveis ambientais do solo. A inventariação da flora, bem como as amostras de solo, foram realizadas ao longo de um gradiente de distância ao tronco da árvore. Os dados obtidos foram explorados por análise de redundância (RDA) com o programa CANOCO 4.0 (ter Braak & Smilauer, 1998). Realizaram-se duas RDA: uma primeira com as matrizes “amostras x espécies” e “amostras x variáveis ambientais explanatórias” e a segunda RDA com as matrizes “amostras x variáveis dependentes” e “amostras x variáveis ambientais explanatórias”. As variáveis explanatórias consideradas foram o pH (KCL), P, N orgânico, C:N, Ca, Mg, K e Al e as variáveis dependentes os índices de diversidade (Margalef, Simpson e Shannon-wiener), o nº de espécies e a percentagem de cobertura das espécies agrupadas por grupos funcionais (características de classes fitossociológicas).
A explanação dos dados de distribuição das espécies pelas variáveis ambientais seleccionadas foi estatisticamente significativa (p<0,05). O primeiro eixo apresentou-se positivamente correlacionado com o pH e negativamente com o Al, enquanto o segundo esteve positivamente correlacionado com o N, P e K e negativamente com a distância à árvore. O índice de dominância de Simpson aumentou no sentido dos teores elevados de N e P, isto é, nas áreas influenciadas pelo coberto arbóreo. As plantas características de Nardetea (prados perenes oligotróficos, exigentes em água, dependentes de pastoreio ou corte) aumentaram no sentido do Al. O número de espécies, os índices de Margalef e Shannon-Wiener e as espécies de maior palatibilidade (características de Molinio-Arrhenatheretea e Stipo-Agrostietea castellanae), aumentaram com a distância à árvore.
Os resultados evidenciam a existência de um trade-off entre a qualidade dos lameiros e as vantagens da presença da árvore. A gestão tradicional dos prados perenes (lameiros), que inclui a esgalha das copas e a manutenção de baixas densidade arbóreas, é uma opção racional. Por um lado evita-se a degradação do valor alimentar dos prados pelo efeito da sombra (através da penetração de espécies escionitrófilas em detrimento de espécies de maior valor alimentar), por outro lado usufrui-se das vantagens da presença da árvore (forragem estival, ilha de fertilidade, etc.).