Identificação de sinais químicos envolvidos na infestação de Apis mellifera por Varroa destructor
Conference Paper
Overview
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abstract
A Varroa destructor é um ácaro ectoparasita da abelha melífera e agente causal da
varroose, doença que pode levar à morte das abelhas. Sendo parasitas, estes ácaros
requerem larvas imaturas de abelhas para garantir a procriação e abelhas adultas para
a sua sobrevivência. Durante uma fase especifica do seu desenvolvimento, as larvas
de abelhas produzem semioquímicos voláteis que estimulam as abelhas obreiras a
fechar os favos com criação. Ao mesmo tempo estes mesmos compostos atraem os
ácaros de Varroa a infestarem as larvas, escondendo-se no seu alimento até o favo
ser fechado. Desta maneira, os sinais químicos emitidos pelas abelhas podem ser
explorados de forma a orientar ou desorientar o ácaro e assim interferir com a sua fase
de reprodução.
O objetivo deste trabalho foi avaliar e identificar os principais semioquímicos emitidos
pelas larvas de abelha antes da operculação dos favos de criação. Para isso, foram
recolhidos por microextração em fase sólida (SPME), os volatéis emitidos por larvas
de zangão e obreiras em diferentes fases de desenvolvimento. A amostragem foi
efetuada por dois processos distintos: ex-situ, retirando um determinado número de
larvas para um frasco fechado e in-situ, em que a recolha foi efetuada diretamente no
quadro com criação para reduzir o sfress das larvas.
A análise dos voláteis recolhidos por GC-MS permitiu a identificação de terpenoides
como y-terpineno, a-pineno, eucaliptol, p-ocimeno, 3-careno, limoneno, longifoleno,
ácidos carboxílicos como o ácido hexanóico, ácido octanóico e ácido nonanóico,
aldeídos como o octanal, nonanal e decanal, álcoois como 2-etil-hexan-l-ol e o álcool
benzílico, ácidos fenilpropanóicos como o benzoato de metilo e hidrocarbonetos
aromáticos como o o-cimeno. A quantidade dos voláteis identificados apresentou
variabilidade dependendo dos diferentes estados larvares, verificando-se uma maior
concentração de P-ocimeno nas primeiras fases.
Após a análise dos voláteis emitidos pelas larvas, foi possível identificar
semioquímicos (benzoato de metilo, decanal, ácido octanóico, ácido hexanóico, (3-
ocimeno e 3-careno) potencialmente envolvidos no mecanismo de atração da Varroa e
infestação das larvas. Para se confirmar este comportamento efetuaram-se bioensaios
de comportamento da Varroa em placas de petri perante a presença de duas abelhas
obreiras, tendo-se verificado em algumas situações um efeito de dose-resposta
repelente e noutras um efeito atrativo.
Apesar destes resultados promissores, serão necessários mais estudos ao nível dos
órgãos receptores da Varroa de modo a entender melhor os mecanismos de acção
destes potenciais sinalizadores químicos responsáveis pela infestação do ácaro.
Este trabalho foi financiado pela FCT através dos projetos PTDC/CVT-EPI/2473/2012 e PestOE/AGR/UI0690/2011;
A. S. Lima agradece o financiamento da FCT pela Bolsa de Doutoramento SFRH/BD/76091/2011.