Numa estratégia de inovação formativa, renovação pedagógica e cooperação com as instituições da região, o IPB tem estabelecido parcerias diversas. No âmbito da inovação formativa surgiram unidades curriculares diferenciadas, como o Project Y. Num ambiente de estúdio, típico das indústrias criativas, são desenvolvidos projetos em parceria com a comunidade (empresas e instituições). Trata-se de um contexto de trabalho colaborativo e criativo, que estimula competências técnicas e de resolução de problemas, comunicação e autogestão. As grandes áreas de atuação são game design, artes, ciências de computação e gestão de projetos aplicadas numa ampla diversidade temática. No caso iremos descrever um projeto, Vive Côa, desenvolvido em parceria com a Fundação Côa Parque.
O Vale do Côa alberga gravuras, e, em menor número, pinturas de períodos distintos (Pré-História, Proto-história e História). Reproduções de cavalos, cabras, auroques, veados e caçadores armados foram gravadas em superfícies verticais, maioritariamente de xisto, com recurso a quatro técnicas distintas – incisão fina (simples ou estriada), picotagem, abrasão e raspagem. A arte rupestre do Côa constitui-se como uma imensa galeria ao ar livre, dispersa por mais de 80 sítios distintos, num território de cerca de 200 km2, sendo predominantes as gravuras paleolíticas, criadas há cerca de 25.000 anos. A validação do interesse patrimonial e cultural deste conjunto de figurações foi confirmada pelo reconhecimento como Património da Humanidade pela UNESCO em 1998. Os desafios de preservação, gestão, interpretação e comunicação deste património são inúmeros.
Como parte da sua atividade, o Museu do Côa estabelece com o visitante uma relação, através do seu programa museológico. A introdução de componentes interativas que auxiliem o visitante na compreensão do património exposto é uma mais-valia, dada a complexidade interpretativa. Este projeto centra-se no design e desenvolvimento de um jogo em realidade virtual que propõe ao jogador um papel numa comunidade de habitantes do Vale do Côa, retratando o dia-a-dia da humanidade durante o Paleolítico Superior. Através da demonstração – participação em atividades quotidianas, como a criação de ferramentas, vestimentas e adornos, o ato da caça e da pesca, a troca de alimentos e ferramentas ou a observação de gravuras rupestres, pretende-se humanizar o dispositivo expositivo proporcionando uma sensação de proximidade com as pessoas que habitavam o Vale do Côa há cerca de 25.000 anos atrás e que nos deixaram este legado tão expressivo de gravuras rupestres. O jogo é
single-player e dirige-se, em particular, a visitantes entre os 18 e os 25 anos. Estima-se que a prova de conceito esteja prototipada no final de Janeiro.