O efeito de um programa de treino de força em raparigas e rapazes pré-púberes
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Introdução e objectivos: Parece que os ganhos de força obtidos
antes da puberdade serão resultantes de adaptações neuromusculares
e não tanto devidos à hipertrofia. O objectivo deste
estudo foi o de investigar os efeitos de um programa de treino
de força-resistência durante 10 semanas, no desenvolvimento
da Força Máxima Isométrica Voluntária (FMIV), nas alterações
da espessura muscular e na actividade neuromuscular.
Material e métodos: A amostra foi constituída pelo grupo experimental
(GE, n =17) e o grupo de controlo (GC, n = 17), que
compreendia 20 raparigas (9,44 ± 0,28 anos) e 15 rapazes
(9,34 ± 0,30 anos), no estádio I de maturação sexual. O GE foi
submetido a um programa de treino de exercícios calisténicos 3
PEDAGOGIA DO DESPORTO E DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [171–193] 193
vezes por semana (90 minutos cada sessão), durante 10 semanas,
consistindo em treinos de push-ups e pull-ups modificados e
2 exercícios com elásticos (flexão e extensão dos cotovelos e
extensões dos braços acima da cabeça) até à exaustão. O volume
foi gradualmente adaptado de 3 séries, entre a 1ª semana e
a 3ª semana, para 4 séries entre a 4ª semana e a 6ª semana,
para 5 séries entre a 7ª semana e a 10ª semana. A FMIV (dinamómetro
TSD121C da Biopac Systems Inc) e o sinal electromiográfico
(EMG) foram registados quando os sujeitos realizaram
um único exercício de arm curl. Durante o arm curl foi colocado
um eléctrodo de superfície (TSD 150A da Biopac System
Inc.) em cada bícep (FMIVARM). O eléctrodo de terra estava
preso ao olecrâneo direito. Os sinais EMG foram ampliados por
um amplificador diferencial (impedância de entrada de 2 MW),
um ganho de 1000 e com uma banda passante (entre os 15 e
os 450Hz). Os sinais EMG foram rectificados e suavizados, permitindo
determinar o integral do sinal de EMG (iEMG) em
ambos os bíceps (ARMD e ARME). O iEMG foi relativizado de
acordo com a duração da contracção. A espessura muscular de
ambos os bíceps (ESPMBD e ESPMBE) e de ambos os triceps
(ESPMTD e ESPMTE), e as pregas de ambos os tríceps
(SKINTD e SKINTE), foram medidos pela ultrasonografia Bmode,
(scanning head de 7.5MHz; Ecocamera Aloca SSD-500).
Os perímetros braquiais relaxados (PBRD e PBRE) e braquiais
contraídos (PBCD e PBCE) de ambos os bíceps foram também
medidos (procedimentos antropométricos); avaliámos ainda o
número máximo de push ups (PUSHUP) e pull-ups modificados
(PULLUP) e a distância percorrida pela bola de hóquei
(LANÇ). A alteração entre o pré-teste e o pós-teste, em ambos
os sexos, foi analisada, em ambos os grupos, através do teste
de Wilcoxon (p<=0,05). As alterações significantes foram: no
GE masculino [(PBRD, p<=0,04; PBRE; p<= 0,04; PBCD, p<= 0,03;
PBCE, p<= 0,04; PUSHUP, p<= 0,03; PULLUP, p<= 0,03; LANÇ,
p<= 0,03)] e no GC [(PBRD, p<= 0,71; PBRE, p<= 0,74; PBCD,
p<= 0,89; PBCE, p<= 0,58; PUSHUP, p<= 0,83; PULLUP, p<= 0,28;
LANÇ, p<= 0,50)]; e no GE feminino: [(PBRD, p<= 0,01; PBRE;
p<= 0,04; PBCD, p<= 0,00; PBCE, p<= 0,01; PUSHUP, p<= 0,00;
PULLUP, p<= 0,00; LANÇ, p<= 0,02)] e no GC [(PBRD, p<= 0,11;
PBRE; p<= 0,07; PBCD, p<= 0,03; PBCE, p<= 0,07; PUSHUP,
p<= 0,06; PULLUP, p<= 0,78; LANÇ, p<= 0,09)]. Os pré-púberes
podem aumentar a força, seguindo um programa de treino que
inclua exercícios calisténicos. Este não aparenta ter efeitos significantes
no desenvolvimento da FMIV. Os ganhos de força
não foram acompanhados por um aumento da espessura muscular
e nem da actividade neuromuscular. Parece que os elementos
que sustentam os aumentos e ganhos de força podem
ser relacionados ao aumento da coordenação do movimento.
ntrodução e objectivos: Parece que os ganhos de força obtidos antes da puberdade serão resultantes de adaptações neuromusculares e não tanto devidos à hipertrofia. O objectivo deste estudo foi o de investigar os efeitos de um programa de treino de força-resistência durante 10 semanas, no desenvolvimento da Força Máxima Isométrica Voluntária (FMIV), nas alterações da espessura muscular e na actividade neuromuscular. Material e métodos: A amostra foi constituída pelo grupo experimental (GE, n =17) e o grupo de controlo (GC, n = 17), que compreendia 20 raparigas (9,44 ± 0,28 anos) e 15 rapazes (9,34 ± 0,30 anos), no estádio I de maturação sexual. O GE foi submetido a um programa de treino de exercícios calisténicos 3 PEDAGOGIA DO DESPORTO E DA EDUCAÇÃO FÍSICA Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [171–193] 193 vezes por semana (90 minutos cada sessão), durante 10 semanas, consistindo em treinos de push-ups e pull-ups modificados e 2 exercícios com elásticos (flexão e extensão dos cotovelos e extensões dos braços acima da cabeça) até à exaustão. O volume foi gradualmente adaptado de 3 séries, entre a 1ª semana e a 3ª semana, para 4 séries entre a 4ª semana e a 6ª semana, para 5 séries entre a 7ª semana e a 10ª semana. A FMIV (dinamómetro TSD121C da Biopac Systems Inc) e o sinal electromiográfico (EMG) foram registados quando os sujeitos realizaram um único exercício de arm curl. Durante o arm curl foi colocado um eléctrodo de superfície (TSD 150A da Biopac System Inc.) em cada bícep (FMIVARM). O eléctrodo de terra estava preso ao olecrâneo direito. Os sinais EMG foram ampliados por um amplificador diferencial (impedância de entrada de 2 MW), um ganho de 1000 e com uma banda passante (entre os 15 e os 450Hz). Os sinais EMG foram rectificados e suavizados, permitindo determinar o integral do sinal de EMG (iEMG) em ambos os bíceps (ARMD e ARME). O iEMG foi relativizado de acordo com a duração da contracção. A espessura muscular de ambos os bíceps (ESPMBD e ESPMBE) e de ambos os triceps (ESPMTD e ESPMTE), e as pregas de ambos os tríceps (SKINTD e SKINTE), foram medidos pela ultrasonografia Bmode, (scanning head de 7.5MHz; Ecocamera Aloca SSD-500). Os perímetros braquiais relaxados (PBRD e PBRE) e braquiais contraídos (PBCD e PBCE) de ambos os bíceps foram também medidos (procedimentos antropométricos); avaliámos ainda o número máximo de push ups (PUSHUP) e pull-ups modificados (PULLUP) e a distância percorrida pela bola de hóquei (LANÇ). A alteração entre o pré-teste e o pós-teste, em ambos os sexos, foi analisada, em ambos os grupos, através do teste de Wilcoxon (p<=0,05). As alterações significantes foram: no GE masculino [(PBRD, p<=0,04; PBRE; p<= 0,04; PBCD, p<= 0,03; PBCE, p<= 0,04; PUSHUP, p<= 0,03; PULLUP, p<= 0,03; LANÇ, p<= 0,03)] e no GC [(PBRD, p<= 0,71; PBRE, p<= 0,74; PBCD, p<= 0,89; PBCE, p<= 0,58; PUSHUP, p<= 0,83; PULLUP, p<= 0,28; LANÇ, p<= 0,50)]; e no GE feminino: [(PBRD, p<= 0,01; PBRE; p<= 0,04; PBCD, p<= 0,00; PBCE, p<= 0,01; PUSHUP, p<= 0,00; PULLUP, p<= 0,00; LANÇ, p<= 0,02)] e no GC [(PBRD, p<= 0,11; PBRE; p<= 0,07; PBCD, p<= 0,03; PBCE, p<= 0,07; PUSHUP, p<= 0,06; PULLUP, p<= 0,78; LANÇ, p<= 0,09)]. Os pré-púberes podem aumentar a força, seguindo um programa de treino que inclua exercícios calisténicos. Este não aparenta ter efeitos significantes no desenvolvimento da FMIV. Os ganhos de força não foram acompanhados por um aumento da espessura muscular e nem da actividade neuromuscular. Parece que os elementos que sustentam os aumentos e ganhos de força podem ser relacionados ao aumento da coordenação do movimento.