Violência interpessoal em contexto conjugal: as crenças
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O fenómeno da violência tem vindo a ganhar visibilidade ao longo dos anos, tanto a nível nacional como internacional. Constituindo forte violação dos direitos humanos e problema de saúde pública, tem um enorme impacto populacional e económico associado, atingindo dimensões pandémicas (Direção-Geral da Saúde, 2014). É de extrema importância compreender o contexto, os mitos e as crenças relacionados com o significado que a violência tem para cada um. Objetivos: O presente estudo tem como objetivo efetuar uma avaliação diagnóstica acerca das crenças na
violência conjugal. Metodologia: Estudo descritivo, transversal, com uma abordagem quantitativa. Amostra de conveniência, constituída por 98 indivíduos. Utentes com mais de 18 anos de idade, conscientes e orientados e que de forma voluntária e informada aceitaram participar no estudo. Foi obtido parecer ético favorável. Foram tidos em
consideração os pressupostos consignados na Convenção de Oviedo e Declaração de Helsínquia. Na recolha de dados utilizou-se um questionário com questões de caracterização sociodemográfica e de saúde e uma Escala de crenças sobre a violência conjugal – ECVC (Machado, Matos, & Gonçalves, 2006). Resultados: Amostra constituída por 98 participantes, maioritariamente do sexo feminino (61,22%),
portugueses (94,90%), residentes em meio urbano (63,26%), ativos (68,37%) e em regime integral (61,22%), com agregados familiares compreendidos entre 3 a 5 pessoas (64,28%), com crianças (27,55%), e com formação superior (33,67%). Consideram a sua saúde boa ou muito boa (55,10), referem ter problemas de saúde (22,45%),
sendo a hipertensão a mais referida (5,10%), maioritariamente efetuam menos de 2 consultas ano (62,24%). Referem ter sido vítimas de violência (8,19%) e nunca terem sido questionados acerca desta problemática pelos profissionais de saúde (87,76%). Foram encontrados baixos índices nas crenças legitimadoras da violência, 71,4% apresentam scores muito baixos e 95,9% apresentam scores abaixo do valor médio da escala (75). A média dos scores da ECVC é 40,89 (desvio-padrão de 12,57; mínimo de 25 e máximo de 97). Os scores superiores de legitimação da violência verificam-se nos participantes mais velhos e com menos habilitações. Conclusões: Conclui-se que as crenças na legitimação da violência estão essencialmente associadas aos fatores
3 e 4, e é legitimada por causas externas e pela preservação da privacidade familiar. A idade e as habilitações académicas surgem como fatores determinantes da legitimação da violência conjugal. Estes resultados permitem identificar alguns determinantes e equacionar uma efetiva intervenção na vigilância em saúde.