Pretende-se com este capítulo, refletir acerca do processo do envelhecimento gratificante, o qual inclui a
satisfação com a vida, o bem estar geral, a felicidade e os afetos. O envelhecer é um processo dinâmico,
progressivo e inevitável, ocorre de forma natural, gradual, previsível e irreversível, sendo comum a todos,
porém não é homogéneo, provocando não só mudanças e transformações ao longo da vida, envolvendo
também diferenciação, crescimento e desenvolvimento do indivíduo. Nesta perspetiva multidimensional,
o processo de envelhecer decorre da correlação de múltiplos processos de desenvolvimento, sendo
influenciado por diversos fatores (biológicos, sociais e psicológicos) que interagem de modo constante. O
conceito de envelhecimento gratificante é um termo por nós usado quando nos referimos ao processo de
envelhecimento. Este conceito agrega a ideia do processo de envelhecer como uma experiência positiva,
uma vida mais longa, acompanhada de oportunidades contínuas de saúde, participação e segurança. Esta
ideia encontra sintonia no conceito de Envelhecimento Ativo, proposto pela Organização Mundial da
Saúde, na década de 90, adotando o termo “envelhecimento ativo” para identificar o envelhecimento
como um processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo
de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem. O envelhecer de forma ativa e
gratificante apoia-se no reconhecimento dos direitos humanos das pessoas mais velhas e nos princípios
de independência, participação, dignidade, assistência e autorrealização estabelecidos pela Organização
das Nações Unidas. Com a emergência da Gerontologia, e enquanto docentes do curso de licenciatura em
Gerontologia e do curso de mestrado em Envelhecimento Ativo, temos investigado aspetos positivos do
envelhecimento saudável e gratificante e o potencial para o desenvolvimento de estratégias adaptativas
bem-sucedidas. Parece-nos urgente olharmos para os mais velhos como sujeitos capazes de vivenciarem
sentimentos de autorrealização e de felicidade. É baseado nesta premissa que orientamos a nossa prática
pedagógica e a nossa prática clínica, enquanto especialistas em Psicogerontologia, refletindo-se a mesma
na organização deste capítulo.