O lugar das emoções e dos sentimentos nas condições da pós-modernidade
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Na atualidade a temática das emoções ganha centralidade no meio académico, no meio organizacional e, outrossim, no quotidiano das pessoas comuns. Importa pois contribuir para a discussão deste fenómeno emergente. Proponho-me fazê-lo em contexto com os fenómenos mais abrangentes que caraterizam a pós-modernidade, com ênfase naqueles que são protagonistas no âmbito mais restrito das relações interpessoais, tais como: a aceleração e artificialização da vida, a desestruturação do espaço/tempo, a institucionalização crescente das atividades de vida diária, o lugar da família, e a comunicação interpessoal. Esta comunicação é uma reflexão tecida sobre a trama da nossa própria experiência de vida e daqueles, familiares, amigos e colegas, que nos são mais próximos. Enquanto sociólogo, todavia, o caminho que percorro é sempre um encontro (ou desencontro, por vezes) entre o que aprendo da vida vivida e o que aprendo nos livros, embora, ressalve que ler e estudar também é viver. Nesta conformidade, este texto, não dispensa os ensinamentos de alguns autores que para mim são uma referência maior e constante. Por esta razão, contrariando a ortodoxia da escrita científica, o texto está redigido na primeira pessoa do singular. Como principais notas conclusivas, sublinho a ideia de que emoções e os sentimentos decorrem no teatro da vida e não apenas no espaço restrito do corpo dos indivíduos. Para o artista (o ator-pessoa) o palco é importante mas não será mais do que a audiência. Só valorizamos a inscrição corpórea, visceral, orgânica das emoções e os sentimentos se assim o entendermos fazer; em alternativa podemos valorizar a ideia de que emoções e sentimentos como mecanismos de interface indivíduo/sociedade. Ressalvo ainda que as condições da pós-modernidade não atuam isoladamente e independentemente umas das outras mas, pelo contrário, atuam em conjunto, através de figurações ou configurações mais ou menos complexas, umas vezes de forma sinérgica, outras vezes de forma mais caótica ou desordenada. Por último, alerto para o facto de as condições da pós-modernidade afetarem a todos, porém, de forma desigual.