Sustentabilidade ambiental da produção de carne bovina no nordeste de Portugal: uma abordagem de avaliação de ciclo de vida
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A produção de carne é um dos subsetores económicos mais importantes do setor agroalimentar. Porém, apresenta elevados consumos de água e energia, elevada produção de resíduos orgânicos e emissões líquidas e gasosas para o ambiente. Neste estudo, recorreu-se à Avaliação do Ciclo de Vida (ISO 14040) para quantificar os impactes ambientais da produção de carne bovina no nordeste de Portugal. Foram consideradas várias etapas de produção em modo semi-intensivo, nomeadamente a nutrição dos animais e o seu abate, e ainda as etapas a montante e a jusante, como a produção de energia, a produção de fertilizantes e a incineração dos resíduos cárnicos gerados (abordagem do berço ao portão). Os dados de inventário relativos às entradas de todos os processos foram recolhidos através da aplicação de questionários. Os dados de emissões foram estimados com base em fatores de emissão da literatura. A análise de inventário e a avaliação de impacte foi efetuada através do programa GaBi 6.0. A alocação aplicada a este estudo foi
efetuada com base na massa do peso dos animais. As categorias de impactes analisadas foram o potencial de aquecimento global (PAG), o potencial de acidificação (PA), o potencial de eutrofízação (PE) e o potencial de formação fotoquímica de ozono troposférico (PFCO). Os resultados obtidos foram expressos em kg de carcaça de bovino à saída do matadouro. Registaram-se os seguintes para a produção animal: 22,3 kg CO2eq kg-1 (PAG); 168,0 g SO2eq kg-1 (PA); 154,0 g PO4eq kg-1 (PE) e 27,4 g C2H4eq kg-1 (PFCO). No matadouro registaram-se: 0,23 kg CO2eq kg-1 (PAG), 0,32 g SO2eq kg-1 (PA), 0,15 g PO4eq kg-1 (PE) e -0,05 g C2H4eq kg-1 (PFCO). O matadouro, a produção de fertilizante e o tratamento dos resíduos cárnicos apresentaram
baixa contribuição para as categorias analisadas. Com os resultados normalizados, o impacte ambiental mais relevante para o sistema estudado foi o PFCO (41%), devido às emissões consideráveis de compostos orgânicos voláteis (COV) e de metano (CN4). As contribuições do PA e PE foram de 26% e 22%, respetivamente. O PA resulta sobretudo das emissões de azoto amoniacal (NH3, NH4 ) na etapa da produção animal e de óxidos de azoto (NOx) na etapa do abate. Em relação ao PE, os poluentes com maior contribuição são o fosfato e o nitrato. O PAG contribui com cerca de 11% para o impacte global, devido às emissões de CH4 e N20. Uma possível alternativa para minimizar os impactes ambientais é o aumento do ganho de peso dos
animais num menor período de tempo e melhorar a eficiência de produção animal. Em relação ao abate dos animais, as medidas de eficiência energética podem e devem ser aplicadas como forma de minimizaçâo dos impactes ambientais. A diminuição dos impactes gerados pelo transporte poderia ser amenizada com a redução da distância entre as explorações animais, os centros de abate, os pontos de entrega do produto final e os locais de tratamento dos resíduos cárnicos. Além da utilização de transporte de baixo consumo.