O desenho de paisagem partilha com outras expressões bidimensionais, como
a pintura ou a gravura, a exploração de um género que assume o espaço
natural como motivo privilegiado. A identidade comum destas expressões
consubstanciada em características partilhadas, bem como a prevalência da
pintura sobre as demais expressões, têm condicionado a consideração do
desenho de paisagem nas suas especificidades próprias.
É objectivo da presente dissertação, identificar as características formais
maioritárias do desenho de paisagem europeu dos séculos XVII, XVIII e XIX,
permitindo definir o que lhe é próprio e enquadrar o desenho no corpo global da
paisagem.
É adoptada a metodologia da análise de conteúdo, categorizando a análise de
uma amostra representativa de desenhos de paisagem, sendo desenvolvidos
três níveis de análise: geral, intermédia e pormenorizada. A análise geral é
relativa aos modos de exploração e interacção entre a mancha gráfica e o
suporte. A análise intermédia refere-se aos modos de sugestão e articulação
de espaços. A análise pormenorizada é relativa às formas representadas.
As conclusões desta investigação incidem sobre a função do desenho no corpo
global da paisagem e nas características formais do desenho de paisagem.
O desenho desempenha duas acções no corpo global da paisagem: o registo
de espaços naturais em locais específicos, fornecendo os modelos formais
iniciais da paisagem e a função processual que desempenha no
desenvolvimento de obras finalizadas.
As características formais do desenho de paisagens, materializadas em
modelos formais específicos de uso recorrente, mostram estarem todos os
seus recursos direccionados para a eficácia das obras, através da
maximização do seu potencial perceptivo. Esta eficácia traduz-se na
construção verosímil de espaços e formas susceptíveis de serem
percepcionados através da visão média de um observador, em que dois
extremos se encontram abrangidos e não se opõem - a pormenorização de
formas e a sugestão de espaços extensos.