Carbono nos solos do Parque Natural de Montesinho, NE Portugal: armazenamento e estabilidade estimados com base cartográfica
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O Parque Natural de Montesinho (PNM), NE de Portugal, é uma área protegida de 75 mil ha, reconhecida pelos seus valores naturais. Nestes incluem-se espécies, comunidades e ecossistemas, e paisagens classificadas pelo seu elevado valor, objecto de acções de conservação e gestão. Acrescem a estes valores as funções e serviços ecossistémicos que este território pode realizar, entre as quais se encontra o contributo para o sequestro de Carbono, aspecto importante no quadro do controlo dos níveis de gases de efeito de estufa na atmosfera. Estes serviços acrescentam valor ao território e responsabilidade na sua gestão, designadamente no plano das alterações no uso do solo.
O armazenamento de Carbono nos ecossistemas destas regiões é fortemente dependente do solo. A dinâmica dos processos de decomposição dos resíduos orgânicos, as intervenções no uso do solo que contribuem para os acelerar, os episódios de fogo, mostram que às avaliações do armazenamento de Carbono é forçoso acoplar sua estabilidade nos ecosistemas, questão muito importante também no quadro de outras dinâmicas decorrentes de cenários de alteração climática plausíveis.
Com o propósito de contribuir para melhor conhecer o papel dos solos do PNM no armazenamento de Carbono e sua estabilidade nesta área protegida, tomaram-se os elementos constantes da Carta de Solos do NE de Portugal, no tracto correspondente ao Parque. O tratamento dessa informação diz respeito ao Carbono e ao Azoto de 14 Perfis-tipo representativos das unidades-solo identificados no PNM. Justificadamente discutidos, tomaram-se como indicadores o conteúdo em C de 0-30 cm para o armazenamento e a Razão C/N para a sua estabilidade. Foi avaliada a expressão e analisada a distribuição espacial destes indicadores a partir da Carta de Solos do PNM.
Os Leptossolos e os Cambissolos são as Unidades Solo mais representadas, ocupando 75,6 e 19,7% da área do PNM, respectivamente. Seguem-se os Luvissolos e Alissolos que no conjunto representam 2,5% da área total. Os Cambissolos são os que armazenam mais carbono por unidade de área (12,9 kg m-2), seguidos dos Leptossolos (8,9 kg m-2), registando-se os valores mais baixos nos Alissolos (3,3 kg m-2). O armazenamento de Carbono é superior nas zonas mais altas, frias e húmidas registando-se acréscimos significativos no armazenamento quando a temperatura média anual desce de 12 para 10ºC e a precipitação ultrapassa os 1000 mm. A Litologia do Material Originário dos solos também se reflecte no armazenamento de Carbono observando-se os maiores valores nas áreas de granito (24,6 kg m-2) e os menores nas áreas de depósitos sedimentares (2,7 kg m-2). De um modo geral, a estabilidade do Carbono no sistema acompanha o padrão referido para o armazenamento.