Avaliação de propriedades biológicas em mel dos Açores – atividade antioxidante e antimicrobiana
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O mel e os seus produtos derivados são geralmente consumidos devido às suas
características nutricionais e terapêuticas, bem como igualmente empregues em
fragrâncias ou cosméticos [1]. Em Portugal, existem nove denominações de origem
protegida de mel reconhecidas, entre as quais a do mel dos Açores [2], cujas
propriedades biológicas estão pouco estudadas. O objetivo deste trabalho consistiu
no estudo de oito méis dos Açores, provenientes das ilhas de São Miguel, Santa
Maria, Terceira e Pico, relativamente à quantificação do teor em compostos fenólicos
totais e flavonoides, à determinação da atividade antioxidante e anti-inflamatória por
métodos espetrofotométricos, bem como o controlo de qualidade microbiológico e a
avaliação da atividade antimicrobiana. O teor de fenóis totais variou entre 12 μg e 460
μg equivalentes de ácido gálico (EAG)/g de mel e para os flavonóides entre 0,6 μg e
55 μg equivalentes de quercetina (EQ)/g de mel. A atividade antioxidante determinada
pelo método ABTS (2,2'-azino-bis(3-ethylbenzothiazoline-6-sulphonic acid) foi
relativamente baixa nos oito méis, comparativamente ao padrão utilizado (Trolox),
sendo apenas possível determinar o IC50 (concentração de amostra necessária para
diminuir ou reduzir a concentração inicial do radical ABTS em 50%) de uma amostra,
cujo valor foi 8 mg/mL. Relativamente à capacidade quelante de iões ferro(II), esta foi
somente detetada em três amostras de mel, cujas percentagens de inibição variaram
entre 5 e 18%. A captação do radical superóxido foi também avaliada. Os valores de
IC50 variaram entre 23 e 73 mg/L. A capacidade de inibição da enzima xantina oxidase
foi observada em cinco amostras de mel, sendo particularmente elevada numa delas.
No que diz respeito ao controlo de qualidade microbiológico dos méis analisados, não
foi observada contaminação microbiana. A atividade antimicrobiana dos oito méis foi
testada contra Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Candida albicans e
Pseudomonas aeruginosa, tendo sido verificada ação inibitória dos oito méis para
Escherichia coli, de quatro méis em Staphylococcus aureus e de três méis em
Pseudomonas aeruginosa. Não foi observada atividade inibitória contra Candida
albicans.
à Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) pelo apoio no âmbito da
bolsa de Doutoramento SFRH/BD/117013/2016. Trabalho parcialmente financiado pela FCT
no âmbito dos projetos UID/BIA/04325/2013, UID/BIM/04773/2013. UID/AGR/00690/2013,
UID/AMB/50017/2013, FEDER PT2020-Compete 2020.