Potencialidades da utilização de fungos na luta biológica de Colletotrichum acutatum
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A gafa é considerada a doença mais importante do olival em Portugal, podendo em algumas das situações originar perdas de 100% dos frutos. Diferentes trabalhos evidenciaram que a nível nacional o principal agente patogénico associado a esta doença é o fungo Colletotrichum acutatum. Neste sentido, no presente trabalho pretendeu-se estudar o potencial antagonista de dois isolados fúngicos, provenientes da micoteca da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança, nomeadamente Hypholoma fasciculare e Trichothecium roseum, contra C. acutatum, de forma a avaliar a sua possível utilização na luta biológica contra esta doença. O primeiro isolado fúngico trata-se de uma espécie macrofúngica saprófita-lenhícola usado como agente de luta biológica no controlo de patogénicos; enquanto o segundo é uma espécie descrita como produtor de metabolitos antifúngicos (Trichothecin). O estudo foi efectuado em condições in vitro através do estabelecimento de co–culturas em meio Melin-Norkrans gelificado, pH 6,6. Os valores dos raios (interno, na região inter-inóculos e externo, na regiões diametralmente opostas) das colónias fúngicas foram determinados durante dez dias. Ambas as espécies fúngicas estudadas inibiram significativamente o crescimento de C. acutatum na região inter-inóculos. As reduções de crescimento por H. fasciculare foram de 16,4% (raio interno) e de 27,4% (raio externo). T. roseum inibiu somente o crescimento de C. acutatum na zona inter-inóculos em 19,0%. De entre os fungos estudados, H. fasciculare foi o que originou uma maior percentagem de inibição de crescimento de C. acutatum, apresentando valores significativamente superiores face a T. roseum ao nível do raio externo. O efeito inibitório no crescimento de C. acutatum ocorreu muito antes de se ter estabelecido qualquer contacto físico entre as colónias, sugerindo que o mecanismo antagonista adoptado pelo H. fasciculare e T. roseum seja do tipo “antagonismo à distância”. Os resultados obtidos podem abrir novas perspectivas na luta biológica contra a gafa da oliveira pela utilização destas duas espécies fúngicas.