Sofrimento na doença crónica
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resumo
O depender de uma máquina para viver é, sob o ponto de vista
psicossocial, "aterrador". O indivíduo sofre no mais interno do seu ser o que, apesar de
não ser visível para os que o rodeiam, é o mais dramático. A doença renal terminal é
uma das doenças crónicas mais exigentes pela natureza dos tratamentos e pela
necessidade de cuidados contínuos, com inevitáveis repercussões na vida dos doentes,
levando muitas vezes ao suicídio, mesmo que inconsciente.
Neste estudo pretendemos avaliar o sofrimento dos doentes em tratamento
de hemodiálise, verificar a sua relação com algumas variáveis sócio-demográficas e
clínicas e ainda validar a escala de sofrimento na doença (IESSD) para esta população.
Foi feito um estudo numa amostra de 210 doentes IRC em
tratamento de hemodiálise, em 11 centros de diálise no norte e centro do país. Foi
aplicado o Inventário das experiências subjectivas de sofrimento na doença (IESSD -
McIntyre e Gameiro, 1997) e um questionário para caracterização da amostra.
Foi analisada a fiabilidade da escala (estudo da correlação de Pearson das
sub-escalas/dimensões do sofrimento físico, psíquico, existencial, sócio-relacional e
experiências positivas, com a pontuação global da escala), observando-se valores
positivos e significantes o que reforça a validade de critério das dimensões destas
variáveis (R2=0,998; Alfa de Cronbach=0,944). Os doentes apresentaram um score
médio global de sofrimento =124,34. Não encontramos diferenças estatisticamente
significativas entre o sofrimento e as variáveis sexo, idade, manutenção da actividade,
distância do local de tratamento, esperança no TxR. Correlações negativa moderada
entre o sofrimento e habilitações literárias (-,211) e positiva fraca com duração da
doença (,029). Relação significativa com a situação económica (p=0,14).
O IESSD é um instrumento fiável para avaliar o sofrimento dos doentes
em tratamento de hemodiálise. Estes apresentaram, em média, sofrimento moderado
mas, atendendo a que os scores da escala variam no intervalo entre 44 e 220, podemos
concluir que nesta amostra existem indivíduos em grande estado de sofrimento. Os
indivíduos com doença há mais tempo têm níveis mais elevados de sofrimento e aqueles
com mais habilitações e com melhor situação económica apresentam menor grau de
sofrimento. Os autores sugerem aos profissionais que tratam os hemodialisados a
avaliação do seu sofrimento, de forma a poder desenvolver-se, em equipa
multidisciplinar, uma estratégia de ajuda em função da importância da estabilidade
emocional para o sucesso do tratamento.
O depender de uma máquina para viver é, sob o ponto de vista psicossocial, "aterrador". O indivíduo sofre no mais interno do seu ser o que, apesar de não ser visível para os que o rodeiam, é o mais dramático. A doença renal terminal é uma das doenças crónicas mais exigentes pela natureza dos tratamentos e pela necessidade de cuidados contínuos, com inevitáveis repercussões na vida dos doentes, levando muitas vezes ao suicídio, mesmo que inconsciente.
Neste estudo pretendemos avaliar o sofrimento dos doentes em tratamento de hemodiálise, verificar a sua relação com algumas variáveis sociodemográficas e clínicas e ainda validar a escala de sofrimento na doença (IESSD) para esta população.
Foi feito um estudo numa amostra de 210 doentes IRC em tratamento de
hemodiálise, em 11 centros de diálise no norte e centro do país. Foi aplicado o Inventário das experiências subjectivas de sofrimento na doença (IESSD - McIntyre e Gameiro, 1997) e um questionário para caracterização da amostra.
Foi analisada a fiabilidade da escala (estudo da correlação de Pearson das
subescalas/dimensões do sofrimento físico, psíquico, existencial, sócio relacional e experiências positivas, com a pontuação global da escala), observando-se valores positivos e significantes o que reforça a validade de critério das dimensões destas variáveis (R2=0,998; Alfa de Cronbach=0,944). Os doentes apresentaram um score médio global de sofrimento =124,34. Não encontramos diferenças estatisticamente significativas entre o sofrimento e as variáveis sexo, idade, manutenção da atividade, distância do local de tratamento, esperança no TxR. Correlações negativas moderadas entre o sofrimento e habilitações literárias(-,211) e positiva fraca com duração da doença (,029). Relação significativa com a situação económica (p=0,14).
O IESSD é um instrumento fiável para avaliar o sofrimento dos doentes em tratamento de hemodiálise. Estes apresentaram, em média, sofrimento moderado mas, atendendo a que os scores
da escala variam no intervalo entre 44 e 220, podemos concluir que nesta amostra existem indivíduos em grande estado de sofrimento. Os indivíduos com doença há mais tempo têm níveis mais elevados
de sofrimento e aqueles com mais habilitações e com melhor situação económica apresentam menor
grau de sofrimento. Os autores sugerem aos profissionais que tratam os hemodialisados a avaliação do
seu sofrimento, de forma a poder desenvolver-se, em equipa multidisciplinar, uma estratégia de ajuda em função da importância da estabilidade emocional para o sucesso do tratamento.