O impacto da Covid-19 na mortalidade em Portugal: causas subjacentes no excedente de mortalidade
Conference Paper
Overview
Research
Additional Document Info
View All
Overview
abstract
Quantificar o excedente de mortes em contexto de pandemia COVID-19 em Portugal Continental e identificar as causas subjacentes ao excedente de mortalidade.
Metodologia:
Obteve-se do Instituto Nacional de Estatística o número de óbitos por causa subjacente (doença ou lesão que iniciou a cadeia de eventos que levaram à morte) segundo a lista sucinta europeia, por género e por grupo etário (<60, 60-69, 70-79 e >=80 anos), reportados em Portugal Continental (PC) entre 2015 e 2020, bem como as estimativas da população. Foram avaliadas as diferenças de mortalidade entre 2015-2019 e 2020, utilizando a razão padronizada de mortalidade (RPM) e respetivo intervalo de confiança a 95% (IC95%), cujo cálculo considerou os óbitos observados em 2020 e o que seria expectável se a taxa de mortalidade fosse igual à média do período 2015-2019.
Resultados:
Em 2020, houve um excedente de 12427 mortes em comparação com a média reportada no período 2015-2019 (12% de aumento). As causas subjacentes que mais contribuíram para este excedente foram doença mental (DM), doenças do sistema circulatório (DSC), causas desconhecidas/mal definidas/mortes sem assistência (CDMSA) e sintomas/sinais/achados anormais (SSAA), correspondendo a 16%, 15%, 11% e 6% do excesso de mortes, respetivamente. As mortes por CDMSA em 2020 foram significativamente superiores ao esperado para qualquer grupo etário e género com valores de RPM que diminuem com o aumento da idade, variando entre 119% (IC95%: 110-127) e 211% (IC95%: 195-228) em homens e entre 119% (IC95%: 112-127) e 179% (IC95%: 153-207) em mulheres. Também para DM foram observados valores significativamente superiores ao esperado para todos os grupos, com maior expressão em mulheres mais jovens (RPM=194%; IC95%: 134-274). Um excedente significativo de mortes por DSC foi observado na faixa etária mais avançada tanto em homens (RPM=102%; IC95%: 100-105) como em mulheres (RPM=104%; IC95%: 102-106). As mortes por SSAA foram superiores ao esperado apenas nos dois grupos mais jovens variando entre 154% (IC95%: 142-167) e 194% (IC95%: 179-209) em homens e entre 126% (IC95%: 109-144) e 163% (IC95%: 140-187) em mulheres
Conclusão:
No contexto de pandemia COVID-19, indivíduos com doença mental, particularmente as mulheres mais jovens, e indivíduos com doenças do sistema circulatório de idade mais avançada, tornaram-se particularmente vulneráveis, apresentando maior risco de morte.