Compostos fenólicos e actividade antifúngica do mel de Trás-os-Montes
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A utilização de antibióticos, desde os anos 50, têm vindo a generalizar-se conduzindo ao aumento progressivo de resistência dos microrganismos a estes fármacos. Para obviar esta situação, tem vindo a ser efectuados estudos científicos no sentido de desenvolver novos compostos para substituir total ou parcialmente a terapia antibiótica convencional. Nos nossos dias, o mel parece ser visto como uma alternativa à utilização destas substâncias evidenciando um espectro de acção bastante alargado quer em bactérias gram positivas quer em bactérias negativas, muitas das quais multiresistentes às drogas. No entanto, os estudos sobre a sua actividade antimicótica são escassos. Assim, neste trabalho procedemos à determinação de compostos fenólicos de dois tipos de mel (escuro e claro) de Trás-os-Montes por HPLC/DAD e à avaliação da sua actividade em leveduras patogénicas (Candida albicans, Cryptococcus neoformans, e Candida krusei). Como referência utilizou-se a levedura Sacharomyces cerivisae. Os estudos da actividade biológica efectuaram-se em meio líquido ao qual foram adicionados os compostos fenólicos na concentração desejada. Os principais compostos fenólicos identificados foram o ácido p-cumárico e naringenina. Estes compostos induziram uma inibição do crescimento de todas as leveduras testadas, à excepção de S. cerevisae. No entanto, o efeito exercido foi variável quer com a estirpe quer com o tipo de mel utilizado, sendo a inibição do crescimento mais acentuada na presença dos compostos fenólicos extraídos do mel escuro. C. krusei revelou-se muito sensível, mesmo para concentrações baixas (CI 50 - 0,90 mg/mL – mel escuro; IC50 – 1,7 mg/mL – mel claro). Estes resultados sugerem que os compostos fenólicos extraídos do mel podem ser utilizados como agente terapêutico no tratamento de infecções fúngicas