Erosividade das precipitações e erosão hídrica dos solos: exercícios de estimativa face a cenários de alteração climática Conference Paper uri icon

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  • A erosão acelerada dos solos é problema que afecta vastas áreas do globo, com graves consequências para a qualidade dos recursos naturais solo e água e para a sustentabilidade dos sistemas produtivos agrários que deles dependem. A erosão hídrica resulta da acção das precipitações sobre a superfície do terreno, cuja susceptibilidade àquela acção é muito condicionada pela cobertura vegetal do solo. A avaliação da erosividade das precipitações exige informação pluviométrica detalhada e passa pelo cálculo de índices que, em regra, integram a intensidade e a energia cinética estimada em períodos de chuva seleccionados de acordo com limiares de duração, quantidade e intensidade. O padrão de evolução da cobertura vegetal ao longo do ano, quando cruzado com a distribuição temporal da erosividade das precipitações, permite identificar períodos de maior risco de erosão hídrica dos solos, assim avaliável não apenas quantitativamente mas também em termos de frequência. Num contexto de alteração climática, o sentido genérico da mudança quanto às precipitações aponta para uma exacerbação dos fenómenos extremos em magnitude e em frequência. Deste modo, os cenários desenháveis têm, aparentemente, consequências no risco de erosão dos solos, seja pelo lado da erosividade (expectavelmente maior), seja pelo da cobertura vegetal dos solos (expectavelmente menor face à ocorrência de períodos mais persistentes de seca). Este trabalho reúne um conjunto de reflexões em torno da problemática enunciada, consequentes dos exercícios de estimativa que se apresentam. Estes referem-se às alterações no risco de erosão face aos cenários de mudança no regime pluviométrico e tomam por base exemplos portugueses, aplicando modelos conhecidos de estimativa da erosão hídrica e seus factores. Entende-se que os resultados destes exercícios podem contribuir para melhor compreender a evolução dos processos erosivos em contexto de mudança climática, bem como melhor delinear estratégias e aplicar tecnologias de conservação do solo e da água.
  • Accelerated soil erosion is a problem affecting large areas worldwide, with severe consequences to natural resources quality, namely soil and water, as well as to the sustainability of soil and water dependent productive systems, such as the agrarian ones. Water erosion results primarily from precipitation water drops hitting surface ground, the susceptibility of which largely depends on vegetation cover. Rainfall erosivity assessment requires detailed pluviometric data to compute indexes which normally incorporate rainfall intensity and/or kinetic energy, estimated for rain periods selected according to certain rainfall amount, intensity and duration thresholds. Changes in vegetation cover along the year, crossed with the temporal distribution of rainfall erosivity, highlights those periods of higher soil loss risk, assessed also in frequency terms. Under climate change, extreme rainfalls are expected to increase in magnitude and frequency. Therefore, climate change scenarios apparently correspond to an increase in erosion risk, either due to higher rainfall erosivity, or to lower vegetation cover (as a consequence of longer droughts). In this paper a set of estimation exercises is carried out, based on Portuguese case study data, input in erosion models, whose results, stated in terms of erosion risk change, are discussed. Analysis and discussion of these results may contribute to better understand changes on erosion processes and soil loss rates in a climate change context. As well, they may allow better strategy design and technology application for soil and water conservation. A erosão acelerada dos solos é problema que afecta vastas áreas do globo, com graves consequências para a qualidade dos recursos naturais solo e água e para a sustentabilidade dos sistemas produtivos agrários que deles dependem. A erosão hídrica resulta da acção das precipitações sobre a superfície do terreno, cuja susceptibilidade àquela acção é muito condicionada pela cobertura vegetal do solo. A avaliação da erosividade das precipitações exige informação pluviométrica detalhada e passa pelo cálculo de índices que, em regra, integram a intensidade e a energia cinética estimada em períodos de chuva seleccionados de acordo com limiares de duração, quantidade e intensidade. O padrão de evolução da cobertura vegetal ao longo do ano, quando cruzado com a distribuição temporal da erosividade das precipitações, permite identificar períodos de maior risco de erosão hídrica dos solos, assim avaliável não apenas quantitativamente mas também em termos de frequência. Num contexto de alteração climática, o sentido genérico da mudança quanto às precipitações aponta para uma exacerbação dos fenómenos extremos em magnitude e em frequência. Deste modo, os cenários desenháveis têm, aparentemente, consequências no risco de erosão dos solos, seja pelo lado da erosividade (expectavelmente maior), seja pelo da cobertura vegetal dos solos (expectavelmente menor face à ocorrência de períodos mais persistentes de seca). Este trabalho reúne um conjunto de reflexões em torno da problemática enunciada, consequentes dos exercícios de estimativa que se apresentam. Estes referem-se às alterações no risco de erosão face aos cenários de mudança no regime pluviométrico e tomam por base exemplos portugueses, aplicando modelos conhecidos de estimativa da erosão hídrica e seus factores. Entende-se que os resultados destes exercícios podem contribuir para melhor compreender a evolução dos processos erosivos em contexto de mudança CRA 2008 climática, bem como melhor delinear estratégias e aplicar tecnologias de conservação do solo e da água.

publication date

  • January 1, 2008