Perfil glicémico e presença de diabetes mellitus em indivíduos com doença cerebrovascular admitidos num serviço de urgência
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As Doenças Cerebrovasculares (DCV) constituem importante causa de morte e incapacidade. Os fatores de risco modificáveis devem ser identificados com vista à prevenção do Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Objetivo: Caracterizar o perfil glicémico e determinar a prevalência de diabetes, como fator de risco cardiovascular (FRCV), em doentes admitidos com o diagnóstico de AVC isquémico, AVC hemorrágico e Acidente Isquémico Transitório (AIT).
Métodos: Estudo retrospetivo que avaliou todos os doentes diagnosticados com AVC e AIT admitidos consecutivamente no Serviço de Urgência (SU) da Unidade Hospitalar de Bragança da ULSNE durante sete anos (2010 a 2016). Recolheram-se dados sociodemográficos, comorbilidades e outras variáveis clínicas através de registos eletrónicos dos doentes. A glicose no sangue foi a observado no primeiro exame analítico realizado no SU ou, na sua ausência, pelo resultado da primeira avaliação da glicémia capilar. A investigação teve parecer favorável da Comissão de Ética da ULSNE.
Resultados: Foram admitidos 1200 doentes com DCV (77,4 ± 11,2 anos), apresentando: AVC isquémico 63,0%, AVC hemorrágico 17,3% e AIT 19,8%. Do total de doentes 45,2% eram mulheres e 54,8% homens. A glicémia variou de um valor mínimo de 21 mg/dl até um máximo de 588 mg/dl, para uma média de 143,8 (±65,3 mg/dl). Desagregando por tipologia de DCV, em média, os doentes com AVC isquémico apresentavam 144,8 (±64,9 mg/dl), os hemorrágicos 155,7 (±78,6 mg/dl) e os AITs 130,0 (±50,1 mg/dl) com diferenças significativas entre patologias (ANOVA=6,361; p=0,002). A diabetes foi mais prevalente em indivíduos com AIT (27,4%) seguida nos AVCs isquémicos (26,5%) e finalmente nos AVCs hemorrágicos (25,6%), sem associação significativa entre patologias (X2=0,191; p=0,909).
Conclusão: A diabetes foi o FRCV mais encontrado, logo após a hipertensão arterial e a dislipidemia, informação relevante para a prevenção. Embora mais prevalente na patologia isquémica, as hemorragias parecem ser mais hiperglicemiantes, informação relevante para o tratamento na fase aguda.