Resposta da lúcia-lima, erva-cidreira e hortelã-pimenta à aplicação de adubos orgânicos líquidos autorizados para agricultura biológica
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Grande parte dos produtores nacionais de plantas aromáticas e medicinais (PAM) está
a produzir em modo biológico. Um dos grandes desafios que este modo de produção coloca
aos produtores é o fornecimento de azoto às plantas. As PAM não têm necessariamente
menores necessidades em azoto que as outras espécies cultivadas. A sua biomassa é
igualmente composta de azoto, fósforo, potássio e outros nutrientes.
Neste trabalho apresentam-se resultados de ensaios em vasos conduzidos com lúcia lima
(Aioysio citrodoro Palàu), erva-cidreira (Me/isso officinalis L.) e hortelã-pimenta (Mentha
x piperita L.) em que se aplicaram doses de azoto equivalentes a O (NO), 30 (N30), 60 (N60) e
90 (N90) kg/ha, admitindo uma densidade de plantação de 110 000 plantas/ha.
Após três cortes, a produção média de biomassa acumulada aumentou da modalidade
NO para a modalidade N90 nas três espécies cultivadas. Os valores médios variaram de 6,9 a
8,6 g/vaso, 10,9 a 17,0 g/vaso, 8,3 a 12,0 g/vaso, respetivamente para lúcia-lima, erva-cidreira
e hortelã-pimenta. Os teores de azoto nas folhas decresceram ao longo da estação de
crescimento, mas mantiveram-se significativamente mais elevados nas modalidades que
receberam as doses mais elevadas de azoto como fertilizante. Os valores de clorofila-SPAD,
determinados com o medidor de clorofila SPAD-502 Plus, tiveram um comportamento
idêntico à concentração de azoto nas folhas, decrescendo ao longo da estação de crescimento
e sendo mais elevados nas modalidades fertilizadas com doses mais elevadas de azoto. Um
índice de vegetação NDVI (Normalized Difference Vegetation Index), baseado na radiação
refletida pela canópia, determinada com o aparelho portátil FieldScout CM1000, mostrou
valores mais elevados nas modalidades fertilizada s, sobretudo nas fases mais avançadas do
ciclo.
Assim, em modo de produção biológico as plantas respondem fortemente à aplicação
de azoto, tal como em modo convencional, refletindo-se a falta de nutriente na redução da
produção de biomassa. A grande dificuldade está em encontra r fertilizantes azotados
autorizados neste modo de produção a preços aceitáveis. Deve referir-se que o fertilizante
utilizado neste estudo tem um custo por unidade de azoto 50 vezes superior ao do nitrato de
amónio dos fertilizantes comerciais. Resta aos produtores encontrar formas naturais de
introduzir azoto no solo, como seja o uso de leguminosas de cobertura em ciclos assincrónicos
com as PAM ou como sideração, explorando o ciclo de rotação das culturas.