Efeito do regime de poda na produção de azeitona em olival de sequeiro
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A poda tem sido vista como uma prática determinante para assegurar produtividade
do olival. Presentemente aceita-se ainda a teoria de Columela, escritor romano reconhecido
pelos seus tratados sobre agronomia, nascido na Hispânia Bética em Cádis 4 d. C.. segundo
Columela podar as oliveiras "obriga-as" as dar azeitona. Neste trabalho questiona-se a teoria
de Columela e toda a bibliografia posterior até aos nossos dias concordante, de uma
maneira geral, com as ideias originais do escritor romano. A hipótese de trabalho é que a
poda não pode aumentar a produção do olival. Foram instalados dois ensaios de campo em
olival tradicional de sequeiro podados manualmente com serrote. No primeiro aplicaram-se
quatro regimes de poda: poda severa (remoção de 75% da rama e periodicidade quadrienal);
poda moderada (remoção de 50% da rama com periodicidade trienal); poda ligeira (remoção
de 25% da rama com periodicidade anual); e testemunha (sem poda). Este ensaio foi iniciado
a seguir à colheita de 2012, um ano de contrassafra, sendo as árvores podadas em fevereiro
de 2013. Um segundo ensaio foi instalado no ano seguinte, a seguir a um ano de safra e
incluiu as modalidades: poda severa (remoção de 75% da rama); e testemunha (sem poda).
Os resultados mostram que poda severa removeu 3 t ha de matéria se seca e 15 kg ha de
azoto. No ano seguinte as árvores responderam com forte rebentação basal, considerado
um esforço não produtivo, representando mais uma perda de 250 kg ha de matéria seca e 3 kg ha-l de azoto. Quanto mais severa a poda mais compridos e maior número de folhas
apresentam os ramos do ano. Os valores variaram de 12 cm e 18 folhas e3 cm e 7 folhas
respetiva mente nas modalidades poda severa e testemunha. O estado nutricional das
árvores, avaliado através da concentração de nutrientes nas folhas, em particular azoto,
melhorou da testemunha para a modalidade de poda severa. Ao fim da quinta colheita,
quatro após a aplicação dos regimes de poda, a produção acumulada em poda severa foi
significativamente mais baixa que nas restantes modalidades, entre as quais não se
registaram diferenças significativas. No segundo ensaio poda severa originou também
produções significativamente mais baixas que a modalidade testemunha, embora
quantitativamente as diferenças não fossem tão elevadas. Assim, podar não aumenta a
produção ainda que a oliveira tenha mostrado elevada plasticidade a regimes de poda
ligeiros a moderados. Podar em anos de safra parece não ter um efeito tão penalizador da
produção. Podas ligeiras parecem reduzir a alternância das árvores.