Acidentes de trabalho com material perfuro-cortante nos enfermeiros
Conference Paper
Overview
Research
Additional Document Info
View All
Overview
abstract
Os acidentes de trabalho ocasionados com material perfuro-cortante são os mais prevalentes entre os enfermeiros em consequência das actividades realizadas. Acresce ainda o não cumprimento das precauções universais de biossegurança, a inexperiência, a insuficiente formação, orientação ou supervisão e a falta ou inadequação no uso de equipamentos de protecção individual. Estes acidentes representam grande risco para a saúde dos enfermeiros. Sendo as lesões físicas de somenos importância, assumem as repercussões psicológicas uma maior relevância advinda da exposição a microrganismos patogénicos.
Analisar os acidentes de trabalho por material perfuro-cortante entre os profissionais de enfermagem de um hospital central da região do Porto no período de 2005 a 2010.
Identificar os factores predisponentes a acidentes de trabalho por material perfuro-cortante nos enfermeiros.
Contribuir para a implementação de medidas de prevenção e protecção da saúde dos enfermeiros neste contexto.
Estudo transversal retrospectivo referente ao período de 1 de janeiro de 2005 e 31 de dezembro de 2010. A amostra ficou constituída por 145 enfermeiros que tiveram acidente de trabalho, notificado, por material perfuro-cortante. A informação foi obtida através dos registos de notificação do inquérito da DGRH e da ficha de urgência. A recolha de dados foi realizada por uma das investigadoras após autorização do Conselho de Administração durante o mês de abril de 2011 nos dias úteis entre as 9:00 e as 17:00 horas no serviço saúde ocupacional.
Foram notificados 375 acidentes de trabalho entre os enfermeiros sendo 145 por material perfuro-cortante. A maior prevalência destes acidentes verificou-se no género feminino 84,1%, no grupo etário entre os 18-29 anos 58,5%, a realizar horário por turnos 82,1% e com tempo de serviço entre 2-5 anos 28,3%. Distribuídos pelos serviços de medicina 24,8%, cirurgia 19,3% e bloco operatório 11,7%, no turno da manha 72%, entre as 3-6 horas de trabalho realizadas 40% e no 1º dia de trabalhado após descanso 49%. A parte do corpo mais atingida foi as mãos 96%, resultaram em lesão perfurante 87% e cortante 13%. Quanto à utilização de equipamento de protecção individual 93,1% não faz referência. 40% Não descreve o acidente. Dos que o descrevem 68,9% identificaram a agulha como objecto causador mais frequente, seguido do cateter 13,3% e do bisturi 11,1%. Ocorreram durante ou logo após procedimentos de punção venosa 31,4%, durante a rejeição destes materiais 30% e no reencapsular das agulhas 13%.
Os acidentes de trabalho com material perfuro-cortante representam 38,7% dos acidentes nos profissionais de enfermagem.
Os resultados deste estudo fornecem evidência científica que suporta a necessidade destes trabalhadores desenvolverem um sentido de responsabilidade na manutenção de ambientes de trabalho seguros e saudáveis.
Salienta-se a necessidade de sensibilizar os enfermeiros para a importância do cumprimento das precauções universais, da descrição pormenorizada do acidente e do imperativo de uso de equipamento de protecção individual. Esta informação dever-se-á constituir em conhecimento eficaz, para estudos epidemiológicos dos quais resultem a criação de políticas preventivas dos riscos e promotoras da saúde dos enfermeiros nos hospitais.