O ruído gerado pela construção civil: o caso da obra do parque de estacionamento subterrâneo da Praça Camões, em Bragança
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As actividades de construção civil geram níveis de ruído excessivamente elevados.
Quando estas actividades são desenvolvidas em áreas populacionais, acabam por se tornar
altamente incomodativas para o ser humano. Neste contexto, no âmbito do Programa de
Acompanhamento Ambiental da Obra do Parque de Estacionamento Subterrâneo da Praça
Camões, obra integrada no Programa BragançaPolis, o ambiente sonoro da área de
implementação do projecto e sua envolvente foi avaliado quantitativamente, com o propósito de
avaliar o grau de incomodidade da obra e fazer um acompanhamento de natureza proactiva.
A metodologia adoptada para a monitorização do ruído ambiente envolveu a realização
de medições em vários pontos, em diferentes períodos do dia e ao longo dos vários meses de
execução da obra, de modo a identificar as principais fontes de ruído, nas diferentes fases que
integram a execução dum projecto desta natureza.
A avaliação dos parâmetros acústicos mais relevantes demonstra claramente que as
actividades da obra motivaram um acréscimo acentuado dos níveis de ruído ambiente, quer na
Praça Camões, quer nos pontos da zona envolvente, que se encontram mais expostos ao ruído
particular. Este acréscimo foi evidente ao longo das várias fases da obra, porém foi durante a
fase de escavação/contenção periférica que se registaram os níveis mais elevados, atingindo em
muitas situações valores de LAeq próximos de 90 dBA, na Praça Camões, e da ordem dos 70
dBA na sua envolvente. Estes valores de ruído resultaram essencialmente da operação de rectroescavadoras,
equipamentos pneumáticos de perfuração, máquinas de introdução de perfis e de
ancoragens, bem como das operações de remoção dos resíduos de solo e rochas. Com o término
da fase de escavação/contenção periférica, os níveis de ruído decresceram gradualmente em
intensidade e tornaram-se menos persistentes. Não obstante, durante a fase de construção da
estrutura principal do parque continuaram a decorrer uma série de tarefas altamente ruidosas,
como o corte de ferro, cimento e pedra, susceptíveis de causar elevada incomodidade aos
utentes da área de estudo e, em particular, aos trabalhadores. A utilização de placas vibratórias,
principalmente na fase de acabamento e de arranjos exteriores, foi também uma importante
fonte de ruído.
Apesar dos níveis elevados de ruído gerados pelas actividades, a diminuição da exposição
ao ruído foi conseguida em casos muito particulares com a introdução de medidas de natureza
organizacional, de controlo administrativo. A implementação de medidas de controlo
construtivas ou de engenharia revelaram ser de concretização difícil.