Imaginemos um barco de papel sulcando o oceano imenso em direção a portos desejados. Imaginemos que esse barco de papel é um ser humano e que o oceano imenso é a sua vida. Todo o ser humano carece de referenciais normativos que a cada momento o ajudem a encontrar os rumos certos da sua vida. A ética é um desses referenciais normativos, emparelhando com o direito, a cultura e a religião na aferição da conduta dos indivíduos. Estes referenciais normativos são todos igualmente importantes e incumbe ao indivíduo a tarefa de os interiorizar e aplicar nas suas práticas quotidianas. Todos estes referenciais emanam da interação social e da estrutura social, facto que lhes confere coerência e complementaridade, no entanto, também é verdade que podem entrar em contradição, como por exemplo: não visitar um familiar institucionalizado é censurável do ponto de vista ético, cultural e religioso mas não é ilegal. A ética deve então ser vista como mais um referencial normativo da conduta humana nem mais nem menos importante que outros referenciais normativos. A ética, todavia, suplanta os outros referenciais normativos pela sua universalidade e, também por isso, é de valor inestimável para a humanidade.