Áreas ardidas e risco potencial de erosão: estudo realizado em zonas do NE Portugal
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A erosão é uma das ameaças mais importantes ao recurso solo em Portugal,
colocando em risco de degradação áreas consideráveis, o que é muito evidente no NE
Transmontano, com extensas zonas de montanha particularmente sensíveis face às
condições topográficas favoráveis (Figueiredo et al., 2013) e aos solos geralmente
delgados e pedregosos, que espelham bem a ação persistente dos processos de erosão
hídrica (Alexandre, 2015).
Além dessas características, as mudanças no uso da terra crescentes no país
propiciam a restruturação da vegetação, que muitas vezes pode não executar sua função
apenas de uma forma positiva como a proteção eficaz do solo, mas servir como
combustível potenciador na ocorrência de incêndios florestais, devido ao acumulo de
biomassa juntamente com o clima seco e quente da região.
Os incêndios florestais ocasionam um agravamento nos processos erosivos do
solo, já que removem a cobertura vegetal protetora, além de ocasionar a perda de grande
parte da matéria orgânica presente. Esse processo acaba reduzindo a capacidade do solo
para armazenar água e nutrientes, acarretando uma redução da profundidade cultivável e
fertilidade do solo, prejudicando a resistência e resiliência do solo, resultando em
condições mais propensas à seca (Alexandre, 2015; Hudson, 1981; Morgan, 2005).
Outro fator de agravamento das condições potenciais de degradação do solo pós-fogo
diz respeito a algumas situações em que os resíduos gerados pela queima podem causar
repelência do solo à água acentuando ainda mais o escoamento e a erosão (Neary et al.,
2005).
Essa erosão pode ser estimada, utilizando alguns modelos de avaliação de perda
de solo. Um modelo bastante comum é o que foi desenvolvido por Wischmeier & Smith
(1978), denominado Universal Soil Loss Equation USLE, em que calcula a perda de
solo por unidade de área expressa de acordo com as características dos fatores
integrantes da equação, retratado pelo peso do solo por unidade de área do local.
Deste modo, o trabalho tem como objetivo analisar as áreas ardidas no Distrito
de Bragança, NE Portugal, durante o período de 1990 a 2015, avaliando a ocorrência e
magnitude dos incêndios florestais e suas recorrências, os recursos pedológicos e
aptidão da terra, além de estimar as perdas potenciais de solo e suas consequências para
a degradação do recurso solo na região.