Avaliação da composição em ácidos gordos de folhas de urtiga (Urtica dioica)
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A urtiga (Urtica dioica L.) é uma planta selvagem cujos benefícios dietéticos e terapêuticos são
conhecidos desde tempos ancestrais. O seu uso na alimentação humana tem uma longa tradição, tendo
sido muito utilizada pelos índios Americanos [1], estando igualmente descrita a sua utilização em
diversos países Europeus [2]. Apesar do uso da urtiga na gastronomia tradicional ter caído em desuso,
esta planta foi antigamente usada na confeção de sopas e outros pratos tais como omeletes, risotos,
tartes e consumida como vegetal cozido [2,3]. Atualmente, em Portugal, o seu uso tem sido promovido
pela Confraria da urtiga, criada em 2009, em Fornos-de-Algodres.
Neste trabalho procedeu-se à determinação da composição em ácidos gordos da gordura das folhas
obtida por extração em Soxhlet. Foram analisadas duas amostras colhidas em Viseu em meses
diferentes (Março e Junho) e uma colhida em Março em Vila Real, em 2017. As análises dos esteres
metílicos de ácidos gordos (FAMEs) foram realizadas num sistema de cromatografia gasosa com
deteção de ionização em chama (GC-FID Scion 436-GC, Bruker) usando uma coluna CP-Sil 88 (50m x
0.25mm i.d, 0.20μm, Agilent J&W). A temperatura do injetor e detetor foi de 260°C e 270 ºC,
respetivamente. O forno foi inicialmente colocado a 160°C por 3 min, aumentando seguidamente a 3°C/
min até 229 °C e mantendo-se durante dois minutos. Os compostos foram identificados por comparação
dos tempos de retenção com uma mistura padrão de 37 FAMEs (CRM47885, Supelco).
No total, foram identificados 21 ácidos gordos, sendo os compostos maioritários os ácidos α-linolénico
(41,9-51,3%), linoleico (19,9-30,2%) e palmítico (9,3-14,1%). De uma forma geral, o perfil qualitativo das
três amostras foi similar entre si, apresentando contudo diferenças quantitativas. Quando comparadas as
amostras colhidas no mês de Março, mas em regiões geográficas distintas, verifica-se que a amostra
proveniente de Viseu apresentou um teor muito superior em ácido α-linoleico e menor em ácido linoleico.
Quando comparadas as amostras colhidas no mesmo local, mas em meses diferentes (Março e Junho),
verifica-se a diminuição do teor de ácido α-linolénico (51.3% para 41.9%) e um aumento dos ácidos
palmítico, esteárico, oleico e linoleico. Os resultados deste trabalho preliminar sugerem a influência da
localização geográfica e da época de colheita, sendo contudo necessária a realização de mais estudos.
Considerando os resultados obtidos, a urtiga apresenta uma gordura com um perfil interessante dado o
seu elevado teor em ácido α-linolénico e cujo consumo pode ser potencialmente benéfico para a saúde.