A recolha de pólen e o impacto na produção de mel na região de Trás-os-Montes e Alto Douro
Conference Paper
Overview
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abstract
O pólen apícola resulta da aglutinação do pólen das flores efetuada pelas abelhas,
mediante o acréscimo de substâncias salivares e pequenas quantidades de néctar ou
mel. Este trabalho tem por objetivo avaliar e caraterizar, em duas regiões de Trás-os-
Montes e Alto Douro, a produção de pólen e o seu impacto na produção de mel,
explorando a aplicação de diferentes metodologias de recolha.
A recolha de pólen realizou-se em 4 apiários, 2 no concelho de Vila Nova de Foz Côa
e 2 no concelho em Bragança. Em 3 dos apiários, Castelo Melhor em Vila Nova de
Foz Côa, Vale das Vinhas e Reboleira, em Bragança, selecionaram-se 10 colónias,
divididas em dois grupos de 5 colónias cada, um para controlo e outro para a produção
de pólen. Num dos grupos colocaram-se capta-pólenes com a grelha fechada durante
dois dias para a recolha, abrindo-se nos dois dias seguintes para permitir a entrada de
pólen para a colónia. No quarto apiário, em Vila Nova de Foz Côa, utilizaram-se 15
colónias, estabelecendo-se três grupos de trabalho com 5 colónias cada. Colocaramse
os capta-pólenes em 10 colmeias (dois grupos) e servindo as restantes 5 como grupo
de controlo. Num dos grupos a grelha do capta-pólen permaneceu ininterruptamente
fechada durante todo o período experimental, enquanto no restante grupo com captapólen
o processo de recolha de pólen foi idêntico ao descrito para os restantes
apiários. A colheita de pólen realizou-se de abril a junho nos apiários de Vila Nova de
Foz Côa, e entre maio e julho nos apiários de Bragança. No final da época de
produção, efetuou-se a quantificação do mel produzido por colónia.
Nos apiários de Vila Nova de Foz Côa, a maior produção de pólen ocorreu num
período de três semanas, entre os finais de abril e meados de maio, com um máximo
de produção observado no início de maio. É evidente o ganho na produção de pólen
com a colocação contínua das grelhas correspondendo a um aumento de 50% na
quantidade de pólen obtido, atingindo uma média de 2 kg de pólen por colmeia. Para
os apiários de Bragança ocorreu a maior produção de pólen entre meados de junho e
meados de julho, prolongando-se as maiores produções durante seis semanas.
A origem floral do pólen recolhido é muito dependente da localização geográfica e
variou significativamente com a época. É de realçar a importância do contributo das
Cistáceas e das Fabáceas para os picos iniciais de produção, atribuindo-se à família
Fagaceae em finais de junho o aumento da produção de pólen na região de Bragança.
Relativamente às caraterísticas das cargas polínicas, o pólen recolhido em Vila Nova
de Foz Côa apresentou valores de humidade inferiores (16%) comparativamente com
o pólen dos apiários de Bragança (21%). O peso das cargas polínicas oscilou ao longo
o tempo, registando-se uma diminuição ao longo da época em três dos apiários.
Quanto à produção de mel, as quantidades produzidas nos apiários de Bragança
foram superiores aos de Vila Nova de Foz Côa, verificando-se nas colmeias com
capta-pólen uma redução média de 18%. Este decréscimo de produtividade é
compensado pelo aporte de pólen com um valor comercial superior ao do mel.