Óleos essenciais: uma solução para o controlo da Varroa? Conference Paper uri icon

abstract

  • O ácaro Varroa destructor, assim como os vírus que transmite, constituem a maior ameaça da história do sector apícola mundial. Este parasita beneficia de condições favoráveis do ambiente da colónia para o seu próprio desenvolvimento e reprodução, debilitando a abelha e a colmeia, tornando-a mais suscetível a outras doenças [1]. A Varroa tem vindo a desenvolver mecanismos de resistência a alguns dos tratamentos acaricidas disponíveis no mercado, e estes acaricidas levam à acumulação de resíduos químicos nos produtos da colmeia. Para minimizar os resíduos e reduzir os custos associados à sanidade da colmeia, a utilização de fitoacaricidas, e em particular os óleos essenciais (OEs), surgem como uma alternativa atrativa para o tratamento e controlo sustentável da Varroa. No decorrer dos últimos 4 anos avaliouse a bioatividade de diversos OEs isolados de algumas espécies da flora portuguesa tais como tomilhos, lavanda, erva-príncipe, arruda, entre outras. Utilizando o método de exposição completa [2], foram realizados bioensaios de atividade acaricida dos OEs contra a Varroa e avaliada a sua toxicidade em abelhas adultas e emergentes (≤ 24h de vida), provenientes de colónias altamente infestadas com o ácaro. Testaramse 6 concentrações de OEs (0,25% a 7,5%, v/v) em condições controladas de temperatura e humidade relativa, e observou-se o efeito após 6, 12, 24 e 48h. Em simultâneo foram realizados, nas mesmas condições, brancos, controlos negativos e positivos, utilizando água, solvente e timol, respetivamente. O procedimento de avaliação dose-resposta de OEs estabelece uma eficácia de mortalidade das Varroas superior a 80% para que a atividade acaricida seja considerada ótima, registando em simultâneo uma baixa toxicidade nas abelhas adultas (<20%) [3]. Neste princípio, dos OEs avaliados, pelo menos seis mostraram com uma boa eficácia acaricida em abelhas adultas, registando valores de LC50 entre 0,04% e 2,39%, após 48h de ensaio. Adicionalmente, não se verificaram diferenças significativas entre os brancos e os controlos negativos (ANOVA: F(1, 6)=0,04; p=0,848), pelo que o potencial acaricida registado se pode atribuir efetivamente aos compostos voláteis dos OEs, tais como hidrocarbonetos monoterpénicos, monoterpenos oxigenados e fenilpropanóides. No entanto, quase todos os OEs testados revelaram ser letais para as abelhas emergentes, o que poderá dever-se ao seu estado de desenvolvimento fisiológico incompleto. Atualmente, estão a ser consideradas diferentes formulações acaricidas com os 6 OEs para posteriores ensaios de campo, abrindo portas a um potencial tratamento de inverno.
  • à Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) pelo apoio no âmbito da bolsa de Doutoramento SFRH/BD/76091/2011. Trabalho parcialmente financiado pela FCT no âmbito dos projetos PTDC/CVT-EPI/2473/2012, UID/AGR/00690/2013 e UID/AMB/50017/2013, FEDER PT2020-Compete 2020.

publication date

  • January 1, 2018