Bioecologia dos mexilhões de água doce (Unionidae) nos rios Sabor, Tua e Tâmega (Bacia do Douro, Portugal): principais ameaças e medidas de conservação
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Foram avaliadas as condições ambientais das populações de náiades (Mollusca, Bivalvia, Unionidae) em diferentes troços dos rios Tâmega, Tua e Sabor, na proximidade de grandes empreendimentos hidroelétricos em fase de construção. No verão dos anos 2010, 2011 e 2012 foi caracterizado o habitat e microhabitat disponível e usado pelas espécies Unio delphinus, Anodonta anatina e Potomida littoralis. Recorreu-se à metodologia do River Habitat Survey (RHS) para a avaliação do habitat aquático e ribeirinho. Para avaliação do microhabitat, foram realizados transectos paralelos (próximo das margens) e perpendiculares ao fluxo de água. Em cada microhabitat amostrado (0,25 m2) procedeu-se à medição das variáveis profundidade, substrato dominante, velocidade no leito e coluna de água, cobertura e distância à margem. Os unionídeos demonstraram uma distribuição espacial agregada em zonas específicas, tendo-se detetado densidades superiores na proximidade das margens e especialmente em braços laterais dos rios com fluxo permanente de água. Foram construídas curvas de preferência para cada espécie. Assim, Unio delphinus e Anodonta anatina colonizam preferencialmente pools com substrato fino, com núcleos populacionais situados entre raízes submersas, próximo de margens escavadas. Por sua vez, a espécie Potomida littoralis apresenta densidades superiores em zonas de maior corrente (riffles) e substrato mais grosseiro (seixos e pedras). Foram ainda realizadas experiências laboratoriais para determinação da íctiofauna hospedeira das 3 espécies de unionídeos, do qual se realça a afinidade quase exclusiva destas náiades com a fauna piscícola autóctone (nomeadamente com ciprinídeos endémicos e salmonídeos). Face às ameaças detetadas, caso da poluição, sedimentação e especialmente da regularização que conduzirá a uma redução do habitat disponível e da íctiofauna nativa nos rios Sabor, Tua e Tâmega, é fundamental a conservação de habitats e ecossistemas prioritários e a requalificação ambiental de troços degradados de modo a preservar as espécies de invertebrados e vertebrados autóctones fortemente ameaçadas