Composição química e propriedades antioxidantes de duas espécies silvestres de camomila do Nordeste de Portugal: camomila-alemã e camomila-romana
Conference Paper
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As plantas são uma fonte importante de compostos bioativos e um exemplo de diversidade molecular, com potencial documentado para a descoberta e desenvolvimento de nutracêuticos e fármacos [1]. A camomila-alemã (Matricaria recutita L.) e a camomila-romana (Chamaemelum nobile L.) são duas espécies silvestres existentes na região de Trás-os-Montes (Nordeste de Portugal) e que têm ações etnofarmacológicas descritas. As decocções e infusões da primeira são utilizadas para constipações, bronquite, inflamações e como digestivo (camomila-alemã), enquanto a segunda é usada para problemas gastrointestinais e também como digestivo. O objetivo deste trabalho foi avaliar a composição química e as propriedades antioxidantes das duas espécies de camomila mencionadas, de forma a comprovar a utilidade do seu uso na medicinal tradicional. Foram determinados açúcares livres (HPLC-RI), ácidos gordos (GC-FID), e tocoferóis (HPLC-fluorescência). A atividade antioxidante foi avaliada através da capacidade captadora de radicais DPPH (1,1-difenil-2-picril-hidrazilo), poder redutor, inibição da descoloração do β-caroteno e inibição da peroxidação lipídica em homogeneizados cerebrais animais pelo ensaio TBARS (espécies reativas do ácido tiobarbitúrico). Ao contrário da camomila-romana que só apresentou as isoformas α- e γ-tocoferol, a camomila-alemã revelou a presença de todas as isoformas de tocoferóis e uma concentração mais alta dos mesmos (7,35 mg/100 g massa seca). A quantidade de açúcares encontrada foi similar nas duas amostras (6 a 7 g/100 g); no entanto, a rafinose só foi encontrada na camomila-alemã (ambas as amostras revelaram frutose, glucose, sacarose e trealose). Relativamente aos ácidos gordos, a camomila-alemã revelou os ácidos linoleico e α-linolénico como maioritários, enquanto que na camomila-romana predominaram os ácidos linoleico e oleico. A amostra de camomila-romana demonstrou maior atividade antioxidante (valores de EC50 entre 0,08 e 0,62 mg/mL) do que a camomila-alemã (valores de EC50 entre 0,18 e 0,80 mg/mL). Em suma, este trabalho contribui para a caracterização química de espécies silvestres de Trás-os-Montes, conferindo-lhe um valor acrescentado devido ao seu potencial antioxidante.