Impactos da sedimentação em cursos de água do Parque Natural de Montesinho (NE Portugal): efeitos de curto e médio prazo nas comunidades de macroinvertebrados
Conference Paper
Overview
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abstract
Foram estudados os efeitos ambientais nos ecossistemas aquáticos resultantes do colapso das
escombreiras das minas do Portelo, situadas na área protegida do Parque Natural de
Montesinho, no Nordeste de Portugal. Este acidente ocorrido nos últimos dias de Dezembro
de 2009, depois de um período prolongado de chuvas intensas, levou ao arrastamento de um
volume assinalável de sedimentos, acumulados na proximidade das minas, para as ribeiras do
Portelo e da Aveleda, afluentes da margem esquerda do rio Sabor. Foi realizada uma
monitorização de curto (1º semestre de 2010, com periodicidade mensal) e médio (3 anos,
com periodicidade sazonal) prazo em 9 locais distribuídos desde as imediações das
escombreiras até à confluência da Ribeira da Aveleda com o Rio Sabor, distanciada de 20 Km
para jusante do local do acidente. Foram mensurados parâmetros físico‐químicos da água e de
sedimentos e obtidas amostras quantitativas referente às comunidades de
macroinvertebrados. Os resultados obtidos mostraram relativamente à componente abiótica:
1) uma significante diminuição do pH da água (pH < 5, junto das escombreiras) e aumento dos
valores da condutividade (EC > 300 μS.cm‐1) e de alguns metais, caso do alumínio, cobalto e
cobre; 2) uma acumulação forte de sedimentos no leito do rio e a persistência duma fração de
sedimentos finos suspensa na coluna de água, nomeadamente após períodos de forte
pluviosidade. Relativamente às comunidades de macroinvertebrados verificou‐se uma redução
drástica da comunidade bentónica no curto termo, como resultado da ação sinérgica da perda
de habitat (obliteração dos interstícios), da diminuição da qualidade da água (e.g. acidez e
teores elevados de metais pesados nos sedimentos e coluna de água) e da morte provocada
pela asfixia dos organismos (colmatagem das brânquias). Em termos espaciais verificou‐se que
na ribeira do Portelo ocorreu uma diminuição substancial da comunidade macrobentónica (0 a
66 indivíduos/m2), associada a uma baixa riqueza taxonómica (0‐6 famílias), em oposição com
os locais situados mais a jusante (rio Sabor) onde foi detetada uma densidade (550‐1600
ind./m2) e riqueza taxonómica superior. A presença de macroinvertebrados estenobiontes,
pertencentes às ordens Plecoptera, Trichoptera e Ephemeroptera nos locais não perturbados,
contrastou com o domínio de táxones mais tolerantes, pertencentes aos Oligochaeta, Diptera
e Coleoptera nas estações mais perturbadas situadas na proximidade das escombreiras.
Apesar de, passados 3 anos, continuarem a circular sedimentos provenientes das escombreiras
nos cursos de água, a monitorização de médio termo permitiu observar um sinal de
recuperação das comunidades de macroinvertebrados