Evidências científicas para uma escolha consciente entre diferentes formulações de alcachofra
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A alcachofra (Cynara scolymus L.) é uma planta medicinal com reconhecidas
propriedades antioxidantes e hepatoprotetoras [1]. Neste trabalho, pretendeu-se
avaliar o valor nutricional da alcachofra bem como a sua composição em açúcares,
ácidos orgânicos, ácidos gordos e tocoferóis. Estudou-se ainda a bioatividade de três
formulações baseadas nesta planta (infusões, comprimidos e xaropes),
nomeadamente as atividades antioxidante, antitumoral e antimicrobiana. Uma vez que
as suas propriedades terapêuticas são muitas vezes atribuídas à sua composição em
compostos fenólicos, analisou-se também o perfil fenólico das diferentes formulações
[2]. Os hidratos de carbono (69 g/100 g) foram os macronutrientes mais abundantes
das folhas secas analisadas. A frutose (2 g/100 g) foi o único açúcar detetado na
amostra. Os ácidos orgânicos presentes em maior concentração foram o ácido oxálico
(2,0 g/100 g), o quínico (1,3 g/100 g) e o málico (1,0 g/100 g), mas foram ainda
encontrados os ácidos cítrico (0,3 g/100 g) e fumárico (vestígios). Observou-se uma
prevalência de ácidos gordos saturados (88%), com a contribuição significativa do
ácido palmítico (47%). O γ-tocoferol (12 mg/100 g) foi o mais abundante das três
isoformas encontradas na amostra, seguido pelo β- e α-tocoferol (0,9 e 0,07 mg/100
g, respetivamente). A infusão de alcachofra revelou a melhor atividade antioxidante
(valores de EC50 entre 0,1 e 2,1 mg/mL) e foi a única formulação capaz de inibir o
crescimento de uma linha de células tumorais humanas HepG2 (carcinoma
hepatocelular; GI50 = 52 μg/mL), apesar da toxicidade também observada em culturas
primárias de células de fígado de porco, PLP2 (GI50 = 72 μg/mL). Esta formulação
revelou ainda atividade antimicrobiana em isolados clínicos com elevados perfis de
resistência como a Escherichia coli, Escherichia coli produtora de β- lactamases de
espectro estendido (ESBL), Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA),
e Pseudomonas aeruginosa com MICs de 125; 125; 31,3 e 500 mg/mL,
respetivamente. Todas as formulações apresentaram o flavonoide luteolina-7-Oglucorónido
(5640; 0,7 e 2,6 μg/g na infusão, no xarope e nos comprimidos,
respetivamente). A infusão revelou a maior concentração de compostos fenólicos (15
mg/mL). De um modo geral, a alcachofra revelou ser uma boa fonte de compostos
fenólicos com diversas formulações a revelar propriedades bioativas.
Os autores estão gratos à Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT,
Portugal) pelo apoio financeiro a C. Pereira (UID/AGR/00690/2013_BI/CIMO/15/AromPlants), L.
Barros (SFRH/BPD/107855/2015) e R.C. Calhelha (SFRH/BPD/68344/2010).
Os autores estão gratos à Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT,
Portugal) pelo apoio financeiro a C. Pereira (UID/AGR/00690_BI/CIMO/15/AromPlants), L.
Barros (SFRH/BPD/107855/2015) e R.C. Calhelha (SFRH/BPD/68344/2010).