Poda em olival tradicional: pode a produtividade ser promovida através da poda?
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Em olival tradicional, a poda parece ter um efeito marcado na resposta fisiológica
das árvores e na produtividade. Após poda severa, as plantas respondem com forte
rebentação no tronco e pernadas principais e sem produção no ano seguinte. Em
fruticultura, um dos principais objetivos da poda é regular o calibre dos frutos, uma vez
que o calibre determina grandemente o seu valor comercial. Em olivicultura para
produção de azeite, o calibre dos frutos não tem significado relevante. A tese que se
equaciona neste trabalho é a seguinte: sendo uma árvore uma máquina evolutiva
"perfeita", cujo objetivo é a reprodução, ou seja, a obtenção do maior número possível
de embriões (frutos) viáveis, a intervenção do homem faz sentido? Isto é, pode o homem
através da poda promover a produtividade, menosprezando a capacidade da planta em
orientar os seus recursos e maximizar a produção de frutos?
Em Mirandela, NE Portugal, foi instalado um ensaio que inclui quatro regimes de
poda num olival da cultivar Cobrançosa. Os regimes de poda são: testemunha (não
poda); poda ligeira (remoção anual de ~25% do volume da copa); poda moderada
(remoção trianual de 50% do volume da copa); e poda severa (remoção quadrienal de
75% do volume da copa).
Após três colheitas consecutivas, a modalidade poda severa originou produções
significativamente mais baixas que os restantes regimes de poda. Poda moderada e
poda ligeira apresentaram produções sem diferenças significativas para a testemunha.
Diversos parâmetros da fisiologia da árvore foram também afetados, como por exemplo
o desenvolvimento de "chupões" no tronco e ao longo das pernadas, o comprimento
dos ramos do ano e a dinâmica dos nutrientes nas folhas.
Até ao presente, poda ligeira e moderada parecem não ter afetado a
produtividade, embora em fevereiro de 2016 volte a ser efetuada a remoção de 50% da
copa na modalidade poda moderada, com efeito potencialmente negativo na
performance desta modalidade. Podar tem inúmeras vantagens, designadamente
ajustar o porte da árvore à restante técnica cultural. Contudo, parece que esses
objetivos devem ser conseguidos com um regime de poda ligeira anual. A poda, só por
si, parece não poder ser usada para promover a produtividade.