Associação ALDEIA, CORANE, Projecto nº 020000902520 Ervas, Sementes e Saberes Tradicionais da Terra Fria Transmontana Medida 3.2.1. Conservação e Valorização do Património Rural
Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER)
Em Portugal, o inventário e registo dos conhecimentos tradicionais sobre plantas e usos é muito escasso. Contudo, o Nordeste Transmontano pode orgulhar-se de já existirem trabalhos feitos sobre este tema.
Trata-se de um conhecimento baseado no contacto directo e na interacção do Homem com a natureza e os recursos locais, que inclui as espécies, os habitat e o saber-fazer referentes à diversidade do universo vegetal, às condições agroambientais (clima, solo, água) e às relações funcionais dos ecossistemas.
Corresponde a um conjunto importante de saberes, práticas e crenças que evoluíram ao longo do tempo, através de processos de adaptação particulares, que facilitaram a subsistência de muitas populações, sobretudo em meio rural e em áreas complexas, como as zonas de montanha, e que subsistiram, em muitos casos por transmissão oral. Assim sendo, e considerando as profundas alterações que ocorrem hoje em dia nas sociedades rurais, é tarefa urgente registá-lo tanto para memória futura, como para ser utilizado no desenvolvimento sustentável das regiões.
Usa e serás mestre! Estórias de plantas e de saber-fazer é um dito regional que dá nome a esta publicação que honra e divulga o conhecimento tradicional perpetuado por tantos e tantos homens e mulheres da Terra-Fria Transmontana. Tem por base um projecto promovido pela Associação ALDEIA, financiado pelo Programa PRODER.
Verdadeiramente, Usa e serás mestre! nasce da criatividade, da profunda ligação à terra e do enorme prazer em aprender e partilhar da Isabel Sá, Engenheira do Ambiente, que conduziu o projecto com rigor e durante três anos percorreu aldeias da Terra-Fria Transmontana. Por entre serras, planaltos e vales, foi encontrar gente que, desinteressadamente, lhe contou, descreveu e mostrou plantas, usos e saberes, memórias de outros tempos, mas também tarefas mantidas e continuadas até aos dias de hoje.
Estas estórias são feitas do entusiasmo de toda essa gente e da colaboração de alguns outros, um contributo fundamental para o inventário e registo dos conhecimentos tradicionais que tarda em fazer-se.
Esperamos que este livro seja um incentivo para mais inventários e registos do património biocultural a realizar em território nacional.
