Caracterização da composição fenólica em flores de cardo (Cynara Cardunculus L.) de genótipos selecionados
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O cardo (Cynara cardunculus L.) é uma espécie endémica da bacia
Mediterrânica com potencial para extração de compostos biologicamente
ativos pela concentração de flavonoides e ácidos fenólicos que apresenta. Em
Portugal, o cultivo do cardo é praticamente inexistente sendo a principal e
quase exclusiva vocação a utilização das suas flores como coalho vegetal em
queijos com Denominação de Origem Protegida (DOP). O cardo pode ser
considerado um recurso endógeno com interesse para a região da Serra da
Estrela, pela necessidade obrigatória da utilização da sua flor na produção do
Queijo Serra da Estrela DOP (QSE), conforme consta no atual caderno de
especificações. Contudo, outras aplicações estão a ser desenvolvidas com
aplicações nas indústrias agroalimentar, cosmética e farmacêutica. Nos
últimos anos, como forma de valorizarmos a cultura e o QSE temos vindo a
identificar e caracterizar a biodiversidade do cardo selecionando um conjunto
de genótipos pelas caraterísticas morfológicas e bioquímicas específicas ao
nível da composição e concentração de cardosinas na flor de cardo. Neste
estudo analisamos as composições de flavonoides e ácidos fenólicos na flor
de cardo, em genótipos selecionados, por forma a podermos vir assegurar a
autenticidade relativamente ao uso da flor no fabrico e futura valorização da
composição nutricional do queijo. Comparamos flores de distintos genótipos,
anos e procedimentos de colheita da flor. No estigma da flor comparamos
ainda a composição da epiderme externa arroxeada com a parte interna
fibrosa. O perfil cromatográfico do extrato metanol: água (80:20, v/v) das
diferentes amostras foi obtido por HPLC-DAD-ESI/MS e permitiu identificar
um total de quinze compostos entre flavonoides e ácidos fenólicos: Ácido
gálico, ácido 3-0-cafeoilquínico, ácido 1,3-0-dicafeoilquínico, ácido 1,5-0-
dicafeoilquínico, ácido 3,5-0-dicafeoilquínico, ácido 3-p-cumaroilquínico,
eriodictiol-0-glucurónido, luteolina-0-hexósido-glucurónido, luteolina-7-0-
rutinósido, luteolina-7-0-glucurónido, luteolina-7-0-glucósido, luteolina-7-0-malonil-hexósido, apigenina-7-0-rutinósido, apigenina-7-0-glucurónido e
apigenina-0-acetil-hexósido. A flavona e o ácido fenólico predominantes
foram a apigenina-7-0-glucurónido e o ácido 3-0-cafeoilquínico,
respetivamente. Em flores secas do mesmo genótipo registou-se uma
redução anual de 20% na concentração de compostos fenólicos com exceção
do ácido gálico e do ácido 3-p-cumaroilquínico. No estigma da flor a epiderme
externa arroxeada revela o dobro da concentração de flavonoides
comparativamente com a parte interna fibrosa, não se registando diferenças
significativas nos ácidos fenólicos. Muitos dos compostos identificados
promovem diversos efeitos na promoção da saúde pela redução do risco de
algumas doenças crónicas cardiovasculares e tipos de cancro. Por outro lado,
devido aos problemas de segurança relacionados com alguns antioxidantes
sintéticos há um crescente interesse na obtenção de antioxidantes naturais,
nomeadamente os compostos fenólicos. No caso particular do cardo, há o
interesse acrescido que o uso de flores possa acrescentar valor nutricional e,
consequentemente, valor económico ao queijo pelas mais-valias que pode
promover no que respeita, não apenas, ao tipo de textura e sabor, mas
também, à promoção da saúde e bem-estar.
Os autores agradecem à Fundação para a Ciência e a
Tecnologia (FCT, Portugal) e ao FEDER no âmbito do programa PT2020 pelo
apoio financeiro ao CIMO (UID/AGR/00690/2013) e pelo contrato de L.
Barros. Os autores também agradecem ao programa lnterreg Espana-Portugal
pelo apoio financeiro através do projeto 0377 lberphenoi_6_E.