Auto-atualização e aceitação da doença crónica
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O estudo da dimensão psicológica dos doentes crónicos é de grande importância. Esta investigação versa o estudo da aceitação da doença crónica (IRC em tratamento de HD), avaliando o sucesso, ou não, dos doentes sentirem aceitação e valor, realizando-se, apesar da incapacidade, dependência e sentimentos de inutilidade que a doença potencialmente ocasiona.
Neste sentido, foi feita uma exploração da relação entre o estado emocional referido como aceitação e o nível de auto-actualização que os doentes apresentam no seu continuum de vida. Avaliamos também a influência de algumas variáveis sócio-demográficas e clínicas.
Palavras-chave: doença crónica, auto-atualização, aceitação
OBJETIVOS
O interesse teórico e prático deste estudo, situa-se na perspectiva de encontrarmos alguns subsídios que nos permitam compreender a influência da auto-atualização na aceitação da doença e sua importância na vivência da doença crónica.
MATERIAL E MÉTODOS:
Foi realizado um estudo transversal, exploratório descritivo em 150 indivíduos em tratamento de hemodiálise crónica. Critérios de inclusão idade entre 18 e 65 anos de idade, alfabetização, sem comprometimento cognitivo.
Para medir as variáveis em estudo utilizamos a AIS (Acceptance of illness scale, 1984), e a escala de Auto-atualização de Guerra (1992). Foi construído um questionário para obter dados demográficos, sociais e clínicos da amostra.
Os dados estatísticos basearam-se na aplicação do Coeficiente de Correlação de Pearson, Análise de Variância ANOVA, teste t de Student e teste de Levene.
RESULTADOS:
Verificou-se uma correlação positiva moderada (r = 640) entre a variável auto-actualização e a variável aceitação da doença. Também se verificaram diferenças de médias estatisticamente significativas (p < 0,05), entre algumas variáveis sócio-demográficas e clínicas e a auto-actualização e aceitação da doença. Encontraram-se níveis mais elevados de auto-actualização e de aceitação nos doentes homens, com boa situação económica, manutenção de actividade, maior formação literária, estudantes e trabalhadores de profissões liberais e intelectuais, e nos que recebem apoio psicológico de amigos, psicólogo e psiquiatra.
CONCLUSÕES:
Neste estudo pode-se inferir que um aumento nos níveis de auto-actualização permite o aumento da aceitação e vice-versa.
O doente crónico é confrontado com limitações na sua vida diária mas deve reagir buscando um sentido para a vida, uma razão que o faça mover e não adoptar um estado de resignação passiva. Os profissionais de saúde podem ajudá-lo nesse processo de desenvolvimento dos seus potenciais, necessário e positivo à sua realização como pessoa.
O interesse teórico e prático deste estudo, situa-se na perspetiva de encontrarmos
alguns subsídios que nos permitam compreender a importância da auto-atualização na
aceitação da doença crónica. Foi desenvolvido um estudo exploratório descritivo, numa
amostra de quarenta doentes crónicos (IRC em tratamento de hemodiálise).
Não se verificaram correlações estatisticamente significativas (p > 0,05) entre as variáveis sócio-demográficas e clínicas e a auto-atualização e aceitação da doença. A correlação entre as variáveis auto-atualização e aceitação da doença revelou-se estatisticamente significativa, sendo positiva e moderada (r = -.724) ou seja, um aumento nos scores de auto-atualização provoca um aumento nos scores da aceitação da doença e vice-versa.
Em termos gerais, os resultados deste estudo remetem-nos para a importância da compreensão
de fatores emocionais que afectam o doente crónico e de como conseguem, ou não, lidar com as dificuldades que vão surgindo. Ao vivenciar a sua doença e tratamentos, o indivíduo depara-se com problemas existenciais e necessita de encontrar soluções para minorar o sofrimento, redefinindo objetivos e encontrando um novo sentido para a sua vida, ou seja, aceitando a sua nova condição de homem da doença.