Erosão hídrica em povoamentos florestais recentemente instalados: aspectos quantitativos e qualitativos
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O abandono de solos utilizados na actividade agrícola e a sua conversão em solos florestais, com aplicação de técnicas de preparação do terreno mais ou menos intensivas e pouco apoiadas em resultados experimentais, tem conduzido a impactes negativos, salientando-se a perda de fertilidade e de solo por erosão hídrica. A erosão hídrica é um processo natural que pode ser acelerado por uma mobilização inadequada e constitui um problema que acarreta elevados prejuízos do ponto de vista económico, social e ambiental. No sistema tradicional de preparação do terreno, os processos de erosão hídrica são muito limitados em intensidade e duração. Pelo contrário, com os sistemas mecanizados estes processos podem ser intensos, inclusivamente perdurarem por três a quatro anos após as mobilizações. Com o objectivo de comparar a sua eficiência no controlo da erosão, aplicaram-se 5 técnicas de preparação do solo (tratamentos) na instalação de um povoamento misto (Pseudotsuga mensiezii e Castanea sativa), em Macedo de Cavaleiros, Norte de Portugal, a cerca de 700 m de altitude, acompanhando-se o escoamento superficial e a produção de sedimento num período de dois anos. O delineamento experimental incluiu 3 blocos, correspondendo a diferentes situações topográficas (planalto, encosta de declive moderado, encosta de declive acentuado), onde foram distribuídos aleatoriamente os tratamentos em parcelas com 375 m2 cada. Na instalação do povoamento utilizaram-se os seguintes tratamentos: (1) plantação à cova sem mobilização prévia (SMPC); (2) ripagem contínua seguida de passagem com riper equipado de aivequilhos (RCAV); (3) sem ripagem prévia e armação do terreno em vala e cômoro (SRVC); (4) ripagem localizada e armação do terreno em vala e cômoro (RLVC); (5) ripagem contínua e armação do terreno em vala e cômoro (RCVC); e ainda dois tratamentos testemunha: (6) testemunha, terreno original (TSMO); (7) testemunha de erosão, ripagem contínua no sentido do maior declive (TERO). A água de escoamento e o sedimento transportado, foram colhidos e quantificados após cada período de precipitação (evento) em micro-parcelas de cerca de 2,5 m2 de área, com duas repetições por tratamento e bloco. A avaliação da qualidade do sedimento produzido teve por base a determinação analítica de parâmetros físicos e químicos de amostras compósitas referentes aos períodos Primavera/Verão e Outono/Inverno. Os resultados apresentados referem-se aos primeiros vinte eventos, num total de cerca de 1800 mm de precipitação nos dois anos. O escoamento superficial e a produção de sedimento na situação original (TSMO) foram em média de 3,4 mm e 11,6 g m-2, por ano, respectivamente. Nas áreas submetidas a preparação do terreno e plantadas, os valores médios foram superiores 2,5 a 7 vezes, no caso do escoamento, e 5 a 11,5 vezes, na produção de sedimento. Os índices de erosividade que melhor explicam a produção de sedimento e o escoamento superficial são coincidentes nos períodos Primavera/Verão, estando estas variáveis bem correlacionadas com a intensidade da precipitação no período de uma hora. Por outro lado, nos períodos Outono/Inverno não existe uma relação clara entre os índices de erosividade e a produção de sedimento, sendo que grande parte do escoamento é explicado pelo total de precipitação por evento e pela intensidade da precipitação no período de uma hora. A granulometria e a concentração de elementos químicos no sedimento, de um modo geral, é idêntica à da matriz original do solo no período Primavera/Verão, aumentando esta última consideravelmente no período Outono/Inverno. No entanto, dado que a produção de sedimento e o escoamento superficial se encontram dentro de limites toleráveis, o impacto das diferentes técnicas de preparação do solo foi pouco expressivo. Ainda que a produção de sedimento e escoamento superficial tendam a aumentar com a intensidade da mobilização do solo, efeitos locais, ao nível da micro-parcela, como o declive, a rugosidade superficial, pedrogosidade superficial e coberto vegetal contribuem notoriamente para explicar os resultados obtidos.