Valorização das praias da Albufeira do Azibo: aplicação de um modelo hedónico Conference Paper uri icon

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  • A aplicação de modelos hedónicos a bens públicos (puros) turísticos é bastante limitada. Todavia, se atentarmos que a maioria das praias constituem importantes recursos turísticos e são, na sua maioria, consideradas bens públicos puros, a utilização destes modelos pode revelar-se útil na formulação e implementação de políticas públicas locais mais eficientes. Deste modo, é nosso objetivo explorar a disposição a pagar dos visitantes das praias da Albufeira do Azibo, bem como o valor de uso e de não uso dos respetivos recursos naturais (Rigall-I-Torrente & Fluvià, 2011; Alves, Rigall-I-Torrent, Ballester, Benavente e Ferreira, 2015). Na senda deste processo verdadeiramente desafiante, foi tido em consideração a adoção de uma abordagem mista, no sentido de determinar o valor de uso e de não uso daqueles recursos. Assim, foram consideradas as características naturais intrínsecas e as estruturas existentes naquelas praias para estimar o valor daquele recurso turístico a partir das preferências reveladas pelos seus utilizadores, estimando-se uma função de preço hedónico (Alves et al, 2015) e, paralelamente, tendo em vista o fornecimento de informação adicional às entidades responsáveis pela sua gestão, procurou-se também avaliar a disposição a pagar pelo uso daqueles recursos, considerando os recursos existentes e outros a criar, nomeadamente infraestruturas de apoio novas ou reformuladas. Assim, e dadas as preferências declaradas, estimou-se, através do método dos valores contingentes, o montante que os visitantes estariam dispostos a pagar, num mercado hipotético, pela disponibilidade daqueles recursos. Para o efeito foi adotado um plano multimétodos, seguindo quer uma abordagem quantitativa (aplicação de um inquérito por questionário aos visitantes das praias da Albufeira do Azibo durante a época balnear de 2020), quer uma abordagem qualitativa (realização de entrevistas semiestruturadas) (Silvestre & Araújo, 2012). Os primeiros resultados, ainda que preliminares, sugerem de forma consistente a disponibilidade dos visitantes a pagar pela preservação ambiental dos recursos naturais, isto é, pelo não uso, sendo que tal já não se sucede quando se coloca a possibilidade de pagar pelo uso ou melhoria/ampliação da disponibilidade de serviços/estruturas de apoio às praias da Albufeira do Azibo. À semelhança do sucedido com outros estudos (Liu, Liu, Zhang, Qu, & Yu, 2019), também neste caso poderá existir um enviesamento do mercado hipotético, pois o montante que os visitantes declaram estar dispostos a pagar pelo uso dos recursos das praias da Albufeira do Azibo poderá de alguma forma estar mais relacionado com questões simbólicas ou afetivas do que, eventualmente, com o seu uso propriamente dito. Adicionalmente, o facto de existir um número limitado de estudos nesta área dificulta a generalização dos resultados obtidos, tanto mais que o presente trabalho assenta num estudo de caso focado apenas nas praias da Albufeira do Azibo. De igual modo, e contrariamente ao observado em anos anteriores, o número dos visitantes diminuiu drasticamente tendo predominado visitantes da área metropolitana do Porto, o que poderá constituir algum tipo de enviesamento face ao perfil-tipo de visitante pré-COVID. Ainda assim, pretendemos, contribuir para um tema ainda pouco desenvolvido no contexto das políticas públicas de turismo e do desenvolvimento sustentável e facilitar, aos atores públicos locais, a definição de um valor mais eficiente que promova a preservação daquele bem público.

publication date

  • January 1, 2020