Intervenções educativas para melhorar a adesão à terapêutica nos doentes crónicos em ambulatório com medicamentos de dispensa na farmácia hospitalar: revisão sistemática
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A adesão ao tratamento instituído para tratar qualquer doença é fundamental para assegurar a sua eficácia, segurança e relação custo-efetividade. Uma fraca adesão à terapêutica pode comprometer a saúde dos doentes, aumentar os custos dos cuidados de saúde, originar consultas e diagnósticos desnecessários, bem como, tratamentos adicionais, com efeitos colaterais, potencialmente graves, causando impacto negativo na qualidade de vida dos doentes1-4. Em Portugal, a dispensa de medicamentos em regime de ambulatório nas farmácias hospitalares está contemplada na Lei para o tratamento de doenças abrangidas por regimes especiais e para as quais por norma se utilizam medicamentos com elevado potencial de toxicidade e obrigam a uma monitorização do doentes.
Objetivo: O objetivo deste trabalho é apresentar uma revisão sistemática da literatura sobre intervenções educativas, desenvolvidas para melhorar a adesão à terapêutica de doentes crónicos em ambulatório, com Patologias que, em Portugal estão abrangidas por portarias especiais, e para as quais os doentes adquirem os medicamentos na farmácia hospitalar.
Metodologia: Realizou-se uma pesquisa na base de dados MEDLINE - PubMed utilizando os termos, “Educational”, “Intervention” , “Improve”, “Adherence” and “Medication”, cruzados com cada uma das patologias incluídas nos critérios de inclusão. Foram incluídos todos os estudos disponíveis até 31 de agosto de 2017 que apresentavam os seguintes critérios de inclusão: (i) escritos em inglês, espanhol, português e francês, (ii) cuja população alvo eram os doentes com patologias ao abrigo da legislação especial, para as quais os medicamentos são de dispensados na farmácia hospitalar e comparticipados a 100% pelo Sistema Nacional de Saúde, (iii) com intervenção educativa direcionada para o doente, e, (iv) com resultados sobre a eficácia da intervenção na adesão à terapêutica. Foram calculadas medidas de frequência absolutas e relativas, medidas descritivas e utilizado o teste do qui-quadrado de Monte Carlo (χ2), a um nível de significância de 5%, para relacionar o impacto da intervenção na adesão à terapêutica com o tipo de intervenção e com a patologia.
Resultados: Foram selecionadas 193 publicações, das quais apenas 58 obedeciam aos critérios de inclusão. A distribuição geográfica dos estudos foi a seguinte: América (62,1%), Europa (22,4%), África (5,2%), Ásia (5,2%) e Oceânia (5,2%). As patologias mais abordadas foram: infeção por VIH (65,5%), insuficiência renal crónica (8,6%), doença inflamatória intestinal (6,9%), transplantados renais (6,9%), artrite reumatoide (3,4%), vírus da hepatite C (5,2%), fibrose quística (1,7%) e psoríase (1,7%). As intervenções, na sua maioria multidisciplinares, registaram um impacto positivo na adesão à terapêutica medicamentosa.
Conclusão: Na maioria dos estudos em análise verificaram-se melhorias na adesão à terapêutica medicamentosa. Os dispositivos eletrónicos são um auxiliar importante à terapêutica com grande sucesso entre os mais jovens. A influência da família na gestão dos processos de saúde e doença é fundamental para uma melhor adaptação à doença crónica, alteração de comportamentos de risco, aceitação do diagnóstico e melhor adesão à terapêutica medicamentosa.